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In other words...

Monday, 14 April 2014

E se o mundo acabasse amanhã? / What if tomorrow never comes?



Às vezes ponho-me a pensar no que faria se me dissessem que o mundo, pelo menos o meu, ia acabar amanhã. Nada disso das teorias mayas ou chinesas, mas a sério; que hoje era o meu último dia aqui e que amanhã já cá não estaria para beijar, comer, cheirar, beber, ouvir, falar, ver absolutamente mais nada.
Penso nisso pelo menos uma vez por ano, quando calha, só porque sim, e imagino-me em dois lugares distintos: a minha casa, esta que tem sido minha nos últimos cinco anos, ou na Baixa, junto à Praça de Lisboa. Quanto ao resto, sei o que faria: montaria uma mesa em tons de cor de rosa, que rechearia com tudo aquilo que gosto de comer e de beber, para que pudesse matar antecipadamente as saudades; poria uma lista das músicas de que mais gosto a dar e, claro, juntaria à minha volta as minhas pessoas. Não seriam muitas. Entre dez e vinte, porque são essas que cabem em mim.
Esse exercício, embora em parte deprimente, é bom para perceber quem me é realmente importante, os sentimentos que nutro por cada uma dessas pessoas e o que gostaria de lhes dizer.
Não é fácil fazê-lo, mas acabo sempre por, no dia seguinte, o mais tardar, abrir a boca ou uma janela de um qualquer chat e debitar tudo o que me vai cá dentro.
De vez em quando faz bem darmo-nos o prazer de nos darmos conta do quanto gostamos e do quanto somos gostados.



Sometimes I start thinking about what would I do if someone told me that the world, at least mine, would end tomorrow. Nothing like those mayan or chinese theories, but for real; that today was my last day here and that tomorrow I wouldn't be aroung anymore to kiss, eat, smell, drink, hear, speak or see absolutely anything else.
I think about it at least once a year, no matter when, just for the sake of it, and I can imagine myself in two different places: this place that I've been calling home for the last five years, or downtown, near Praça de Lisboa. As for the rest, I know what I would do: I would set a table in shades of pink, full of everything I like to eat and drink, so I wouldn't miss it afterwards; I would put a list of my favourite songs on and, of course, I would gather all my people around me. Not too many. Maybe ten to twenty people, because those are the ones I can fit inside my heart.
This exercise, although a little bit depressing, is very good to make me realize who is really important to me, my feelings towards those people and what I would like to really tell them.
It isn't an easy task, but in the end, in the next day - at the latest - I always end up opening my mouth or a chat window, in order to open my soul to them.
From times to times, it is good to let ourselves be aware of how much we like and how much we are liked.

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