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In other words...

Saturday 30 November 2013

A saga dos presentes


Todos os anos, assim que passa o Natal e começam os saldos de inverno, decido que no ano seguinte vou fazer as compras de Natal nos saldos anteriores, no início do ano. Fica mais barato e fica tudo tratado com uma antecedência brutal, sem ser preciso andar às últimas a correr para as lojas.
E todos os anos decido adiar essa decisão para o ano seguinte, porque depois do Natal, a última coisa que quero fazer é compras para o Natal seguinte.
Este ano comecei a tratar de tudo em novembro, para poder procurar com calma, paciência e dentro de muita oferta, os presentes mais adequados a cada uma das minhas pessoas.
Neste momento faltam-me cinco, sendo três delas as mais complicadas. Mas ainda não estamos em dezembro, pelo que vejo a situação bastante bem encaminhada.

Thursday 28 November 2013

A ciência dos cabelos encaracolados

Quando o meu cabelo estava comprido (basicamente a maior parte da minha vida até ao fabuloso - sem qualquer ironia - dia em que decidi cortar-lhe meio metro de comprimento) demorava horas a lavá-lo. Na verdade, lavá-lo não era o grande problema, porque aplicar o shampô num cabelo comprido ou curto é mais ou menos a mesma coisa. O problema surgia no momento de aplicar amaciador (duas grandes postas) e de o pentear. Era de chorar! Tenho muito cabelo que é ondulado e, ainda por cima, muito espesso. Nalgumas alturas formavam-se nós que não conseguia desfazer nem com o melhor dos pentes e mais uma camada de amaciador, só mesmo arrancando-o. E fartei-me de arrancar cabelos.
Fora esse momento terrível, só penteio o cabelo com escova enquanto ainda está molhado, depois de pôr um creme anti-frizz nas pontas, que nem sempre funciona. E este fenómeno deixa sempre as pessoas aparvalhadas com o facto de eu não chegar - não por opção, mas porque não posso mesmo - uma escova ao cabelo a menos que esteja ainda quase a pingar.
Até hoje pensei ser única no mundo, mas acabei de descobrir que há por aí uma legião de mulheres de cabelo encaracolado que vivem mais ou menos o mesmo dilema diário que eu.

Monday 25 November 2013

Isto do casamento 9 - O copo d'água

Um dos jardins da quinta, com decorações muito simples



























Adorei a primeira quinta que visitámos, logo ainda em junho, quase um ano antes do casamento. Estava pronta para fechar a data com o senhor que, muito sabiamente, nos aconselhou a visitarmos mais algumas e não nos ficarmos logo pela primeira.
Andámos algumas semanas a ver decorações pirosas, sítios caros e ementas que não nos agradavam, que já nem tínhamos paciência para as duas marcações que tínhamos num fim de semana de verão. Não estava demasiado entusiasmada com a quinta, tendo em conta as últimas experiências, mas lá fomos, arrastando uma das madrinhas.
Assim que saímos, cerca de quarenta e cinco minutos depois, olhámos uns para os outros e concordámos: É esta. Já nem fomos à reunião seguinte.
Uma das coisas boas da Quinta do Mocho é que tem contrato com o catering Gémeos Refresh. Para mim, que não o conhecia nem, tenho de admitir, a mais nenhum, pareceu-me ótimo. Mas entretanto comecei a investigar e descobri que são uns dos favoritos da zona norte e que foi uma sorte ter-nos calhado a nós. E, na verdade, ao longo de todos os preparativos, durante o dia e mesmo depois, o dono da empresa foi impecável, fez-nos os melhores negócios possíveis, indicou-nos o DJ e mais um ou outro colaborador, e deu-nos uma data de sugestões não só para poupanças económicas mas também em relação à gestão do dia, para que tudo corresse da melhor forma.
Pedi-lhe - exigi, a bem dizer - que não houvesse vestígios de três ingredientes e ele respeitou o meu pedido com imenso cuidado. Um homem super ocupado, mas sempre disponível e muito profissional.
A quinta, com os nossos retoques e indicações, ficou exatamente como nós queríamos e o serviço foi excecional: todas as comidas e bebidas eram de ótima qualidade e perfeitamente confecionadas e a equipa toda trabalhou tão bem que quase nem se deu por ela.
Posto isto, recomendo, se for caso disso, os Gémeos Refresh. A Quinta do Mocho não, porque ninguém quer saber de outros casamentos - muito menos ver - no sítio do seu.

A entrada: crepe de marisco

O prato de bacalhau, que tinha uma outra opção de peixe e ainda outra de dieta

Sim, fizemos o comboínho, liderado por mim.

Sunday 24 November 2013

Foi assim que me vesti (6)


Acabou-se o estigma contra as mini-saias. Se bem usadas são giras, são elegantes e aumentam a auto-estima. Puxo-as um bocado mais para baixo quando quero parecer mais respeitável, mas, terminado o expediente, entrego-me às minhas próprias regras de vestuário.


Saturday 23 November 2013

Delícias de um fim de tarde


Ser a primeira a chegar a casa, enroscar-me no sofá e em duas mantas com uma caneca de uma qualquer bebida quente a ler um livro no silêncio, sem televisão, sem rádio, sem vozes. Só com o mundo lá fora, ao longe, apressado, alheio a mim.
Sou um pouco fascinada por essa ideia de ser possível não haver uma única pessoa para além de mim que saiba o que estou a fazer e no que estou a pensar. Gosto da liberdade e da sensação de conhecimento único que esse pensamento me confere.

Monday 18 November 2013

Quase Natal

Este frio gélido de hoje transportou até mim um aroma tão intenso a inverno que veio aumentar os meus desejos de Natal, de reunir as famílias à volta de uma lareira ou de um aquecedor e celebrar tudo o que é importante. Tudo aquilo de que formos capazes de nos lembrarmos.

Friday 15 November 2013

Saudade

Quando se pede a um português que se pronuncie sobre o seu vocábulo preferido, é quase certo que se vai ouvir o termo saudade. É um cliché, um lugar comum, algo que muita gente sente necessidade de afirmar apenas por ser uma palavra única não encontrada em mais língua nenhuma no mundo.
Mas a verdade é que, apesar de ter uma sonoridade melodiosa, tradutora do espírito bem português do saudosismo por um tempo glorioso que foi, que esteve e que já não volta, a maioria de quem a reclama como sua preferida não pensa no seu verdadeiro significado.
O priberam diz-nos que saudade é 

1. Lembrança grata de pessoa ausente ou de alguma coisa de que alguém se vê privado.

E seria muito bonita se não tivesse a consequência: 

2. Pesar, mágoa que essa privação causa.

Sentir saudades não é um estado de espírito agradável, traz uma sensação de impotência e de dor que muito dificilmente é superada. Algumas são temporárias, é verdade, mas há outras bastante permanentes, mesmo que essa permanência não seja intermitente e, por isso mesmo, ajude a sarar, talvez só ligeiramente, com o tempo.
Hoje, mais do que nunca antes, fala-se em saudades. Saudades dos amigos que emigraram, da família que se deixou para trás, do país que se trocou em nome de uma vida melhor, de um futuro ou de um passado planeados com cuidado e deixados abandonados ao sabor do acaso. E nem por isso, ou talvez seja por isso mesmo, saudade se reveste de um sabor agradável ou de um colorido manto de significado.
Cada vez mais vejo a saudade como aquilo que não quero sentir. É mais forte do que um ódio, do que uma necessidade de vingança ou de injustiça, porque reúne-as a todas em nome do amor. Não há nenhuma palavra tão confusa como saudade.

É bom poder ter saudades. Mas senti-las dói demais.

Thursday 14 November 2013

Foi assim que me vesti (5)


Ando a redescobrir a minha paixão pelas saias e pelos calções. Gosto de combiná-los com saltos altos e com um sobretudo comprido que me tape as pernas. E um lenço. Não me pode faltar o lenço.

Tuesday 12 November 2013

Recordações


Quando andava no secundário tive como professora de francês a pessoa mais amargurada que já conheci e, penso, que alguma vez conhecerei. Uma velhota baixinha, de ideias conservadoras, que vi sorrir apenas uma vez em três anos. A cabeça oscilava-lhe involuntariamente da esquerda para a direita, sempre sem parar num ritmo de ponteiro de segundos, encerrando memórias rancorosas de uma vida de infelicidade começada, segundo se conta, no dia em que foi abandonada no altar.
Lembro-me da minha desilusão quando, já não sei a propósito de quê, lhe disse que tinha dois grandes sonhos: estudar na Sorbonne e ver uma versão de um livro meu adaptada para cinema; e ela me respondeu ao primeiro que seria praticamente impossível, de tão exigente que essa instituição é (acabei por frequentá-la durante um ano), e ao segundo que, para isso, precisava de, antes disso, ser um best-seller (em primeiro lugar falta, até, ser publicado).
Também me recordo do entusiasmo com que recebi a notícia da intenção dela de se reformar, só para voltar às aulas no ano seguinte e dar de caras com ela e com todo o desalento que tal representava.
Nunca gostei dela, pouco retirei do que me ensinou, apesar de adorar a língua francesa, pois se se teme que nos ensina, nada se aprende. Contudo, houve sempre uma parte de mim que quis voltar a vê-la, perceber se evoluiu como pessoa, se o rancor lhe escapou, permitindo-lhe viver o que lhe resta.
Acho que a vi hoje de manhã no autocarro: uma velhota embrulhada no familiar sobretudo castanho (nunca lhe vi mais nenhum), de rosto frio com uma expressão carrancuda. Prestei mais atenção e ali estava ele: o movimento tão típico de oscilação da cabeça.
Fui a viagem toda com a certeza de que era ela, igual ao que sempre fora, até que uma rapariga entrou, falou com ela e... fê-la sorrir. Para mais, não era uma rapariga de aspeto nada convencional, com o cabelo desarranjado, roupas práticas, piercing no lábio e uma tatuagem no pescoço. Exatamente o tipo de pessoa que a versão que eu conheci dela reprovaria.
Conversaram, riram e saíram juntas como se tivessem, de facto, planos.
Isso fez-me questionar se uma mulher que guardou, durante a maior parte da sua existência, todas as traições da vida e que viveu ao sabor delas, conseguiu deixar que alguém a reconquistasse e aprender, novamente, a viver dias diferentes daqueles de infelicidade pura.
Se não tiver sido ela, penso como será possível a única memória que uma pessoa guarda da sua passagem pelo mundo ser uma sequência turbilhonante de desamores, inspirados por aquele maior, aquele primeiro, que para sempre a condenou.

Ela por ela

Não escondo de ninguém que tenho um orgulho imenso em fazer bons negócios. Adoro comprar aquilo de que gosto ou de que preciso sem que, para isso, tenha de gastar tudo aquilo que tenho. Por essa razão, imponho-me sempre um limite além do qual não me permito ir, seja em roupas, sapatos, jóias, ou mesmo no que concerne a alimentação. Já disse, a propósito deste tema, que sempre que posso opto pelas marcas brancas. Como é natural algumas são melhores para determinados produtos mas não são a minha opção noutros, pelo que ando muitas vezes à procura da melhor escolha.
Para partilhar essas minhas descobertas, decidi criar esta rubrica onde indico os produtos mais baratos que são bastante semelhantes aos originais.
Começo, fielmente, com o meu amigo Continente, que me oferece uma alternativa muito mais económica aos cereais de fibra:

6,25€/KG

3,79€/KG - Se não me engano, a quantidade de fibra é superior nestes



Sunday 10 November 2013

Não melhor amiga


Tenho uma grande amiga (não uma melhor amiga, porque decidi que ia deixar-me dessa designação) com quem comecei com o pé errado. Não a descobri por mim mesma, não a desencantei algures numa das minhas atividades ou numa das instituições de ensino onde andei. Foi-me trazida pelo meu marido, na altura namorado, por ser uma parte dele. Era e ainda é a melhor amiga dele (porque a ele não o incomoda essa designação).
Depois de lidar com crises de ciúmes por parte das namoradas de um grande amigo meu, prometi a mim mesma que quando tivesse um namorado não teria ciúmes das amigas dele, porque, na verdade, isso não faz sentido nenhum. Não se esclarecermos tudo logo no ponto de partida.
Mas, quando o momento chegou, deparei-me com uma rapariga gira, interessante, inteligente e com um humor mais parecido com o dele do que o meu. E a inconsciência dos ciúmes apoderou-se de mim.
Anos mais tarde, não sei como é que evoluímos para o que temos agora: passamos os fins de semana juntos, de manhã à noite, como se fôssemos uma pequena família; compramos e cozinhamos o jantar a meias; ela vai ao frigorífico e serve-se daquilo que quer; adormecemos os três no sofá a ver um filme desinteressante ou jogamos qualquer coisa até altas horas da noite.
Uma vez mais, não me lembro de como chegámos até aqui. Tenho ideia de ter cumprido uma parte da minha promessa e de não ter feito por afastá-la, de termos conversado muito (a melhor receita para qualquer problema) e de passarmos cada vez mais tempo juntas. Sem o prever, aquela rapariga intimidadora é, agora, uma das únicas pessoas a quem mostro todos os meus lados, a quem digo tudo aquilo que penso e de quem ouço tudo, com quem partilho disparates engraçados mas, na maioria, sem a piada pretendida surtir efeito.
Custou-me imenso quando esteve emigrada do outro lado do oceano (obrigada, senhor Skype) e custar-me-á imenso, talvez ainda mais, quando voltarmos a separar-nos, mais tarde ou mais cedo. Mas algo me diz, ao contrário daquilo que ela pensa, que dificilmente iremos deixar de ter isto que existe entre nós: uma não melhor amizade.
Há quem diga que é complicado fazer amigos a partir da idade adulta. Eu afirmo que é mentira.

Santa Claus is coming to town


Ontem foi o dia de começar a armar-me em Pai Natal, a imbuir-me do espírito natalício que chegou a mim desde que o Cidade do Porto se enfeitou das costumeiras luzinhas azuis e brancas. Decidi, então, que este ano as compras de Natal vão estar todas feitas até ao final de novembro. Não vai ser fácil e antecipo, ainda, compras de última hora lá para meados de dezembro, mas o começo foi bastante produtivo. O único problema foi levar uma companhia que me arrasta para a tentação das lojas de roupa e de maquilhagem, o que atrasa largamente o serviço.
À noite, em casa, achei que nada mais se adequava ao que tinha andado a fazer do que pôr um dos meus três cds com músicas de Natal, mas fui logo cortada por duas vozes que, assertivas, declararam que ainda não era altura para isso.
Tive de limitar-me a cantarolar baixinho.

Thursday 7 November 2013

Inimigos declarados


Os piores amigos de uma mulher (para além de outras mulheres) são os fechos éclair e os collants. Os primeiros porque fazem o favor de insistir em sulcar as unhas cuidadosamente limadas, sobretudo quando não há forma de corrigir os estragos nas próximas horas. E os últimos por, de tão frágeis, não resistirem a mais do que uma vez nos pés, o que os faz aliviar o peso das carteiras.

Tuesday 5 November 2013

Bom dia!


Estou a adorar este outono.
Não me custa nada acordar (confesso que daria de bom grado mais meia hora do meu dia à cama), sabe-me bem vestir a roupa cuidadosamente escolhida na véspera, sair de casa bem cedinho, não apanhar quase trânsito nenhum, ouvir a chuva lá fora e música cá dentro (ou asmr, porque me desconcentro facilmente com letras cantadas) enquanto faço aquilo de que gosto.
Todos os dias são uma alegria. Já pareço uma criança a seguir ao Natal, quando tem uma montanha de brinquedos novos para estrear. Mas têm-me dito que sou muito efusiva com pequenas coisas da vida. E é tão bom acordar todos os dias assim!


Monday 4 November 2013

Bipolaridade materna


Na cama de hospital ao lado da do meu irmão estava uma miúda de quatro anos que já lá se tinha instalado há dois meses. Sessenta dias. Vinte e quatro horas por dia a miúda vivia numa cave, rodeada de enfermeiros, médicos, miúdos doentes ou magoados que entravam e saíam e por lá a deixavam sem grande coisa para fazer. A televisão, com quatro canais e comum para todos os miúdos internados, não oferecia um grande escape à monotonia. A mãe não estava com grande paciência para ela, não sei se desde que foram para o hospital se desde antes disso. Os brinquedos que lá tinha já tinham mau aspeto, ar de sujos. E ela por lá andava, para a frente e para trás no corredor, tratava-se e tentava adivinhar o dia em que iria embora.
Mas o mais impressionante é o motivo que pôs a miúda no hospital. Em casa, onde acontecem uma grande parte dos acidentes com as crianças, esbarrou contra a irmã que levava uma panela com água já não a ferver mas ainda quente que lhe caiu por ela abaixo. Não lhe vi o corpo, mas vi-lhe a cara, que não tinha qualquer marca, menos mal.
Ainda assim, não consigo deixar de pensar que quando for mãe sou bem capaz de ter tendência para pôr uma trela às crianças, de os fechar num parque na sala, longe de qualquer perigo, de os impedir de entrar na cozinha até aos dezoito anos e de os proibir de sair à rua pelo menos até aos vinte. É que por mais cuidados que haja, por mais medidas preventivas que se tomem, há sempre um risco, por mais pequeno que seja, que pode ser o suficiente para mudar o curso da vida.
Por outro lado penso que, para contrariar essa tendência, vou tentar ser uma mãe completamente independente, com a ideia de que só expondo as crianças aos riscos é que elas se habituam a encará-los e contorná-los, que acredita piamente que aquilo que ensinou aos filhos é o suficiente para eles conseguirem seguir em frente sempre no caminho certo.
Ou, em último caso, vou ser uma mãe bipolar e muito inconstante.

Friday 1 November 2013

Chegar a casa


No verão adoro chegar a casa, descalçar-me, calçar momentaneamente as havaianas só para fingir que não ando descalça e passear-me pela casa com os pés em contacto direto com a frescura do chão.
Quando chega o frio adoro fazer a outra versão da coisa: tirar os sapatos e enfiar os pés, de preferência tapados por umas meias daquelas grossas e bem quentinhas, nuns chinelos felpudos. Quando os meus olhos pousaram nestes, hoje, não conseguiram deixá-los lá. Dois tamanhos acima, para ter a certeza de que nada corre o risco de ficar de fora.