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In other words...

Thursday 28 August 2014

Desta água não quê?


Pela primeira vez na minha não assim tão exageradamente curta existência, percebi, finalmente, as pessoas que correm por correr. Ou melhor, não as percebi porque não as abordei a meio da correria para perguntar "mas então porque é que corres?". Percebi, sim, que é um pretexto para sair de casa, apanhar ar, traçar um objetivo e, ao mesmo tempo, dedicar-me à introspeção (sim, que ir correr de auscultadores nos ouvidos é a receita para um atropelamento...).
Foi então que fiquei bastante feliz por ter uma ala do armário exclusiva para roupa de desporto, porque acho que... eu, que sempre disse que detesto correr, vou começar a fazê-lo.
E tenho a sorte de ter um sítio lindo para isso quase à porta de casa.

Wednesday 27 August 2014

Um dia hei de lá voltar


Devemos sempre voltar aos sítios onde fomos felizes, de preferência com uma outra boa companhia e com um novo espírito, para podermos ter uma perspetiva renovadora. Para conseguirmos perceber que mais não são do que lugares onde algo aconteceu, mas onde algo mais pode até acontecer.
O coração dispara, o estômago embrulha-se, a garganta fecha-se e impede-nos de respirar. Mas na segunda vez já dói um bocadinho menos. Na terceira menos ainda e vai chegar um dia em que temos noção de que, apenas porque foi bom, não é perpétuo. E só se não excluirmos esses sítios do nosso dia a dia é que podemos voltar a viver neles momentos felizes, sem termos de preocupar-nos com a sua efemeridade.







Tuesday 26 August 2014

2014, vou sobreviver-te / 2014, I will survive you

Sobrevivi a fevereiro.
Depois sobrevivi a março e a abril.
Sobrevivi, ainda, a maio e a junho, cá, lá e cá.
E sobrevivi a julho.
Seria uma pena não sobreviver a agosto nem a setembro, e o único mês vivido em 2014 ter sido janeiro.


I survided January.
Then, I survived March and April.
I also survived May and June, here, there and here.
And I survided July.
It would be a shame not to survive August and September, thus making January the only month of 2014 I have really lived on.

É verdade (5) / That's true (5)


Saturday 23 August 2014

Coisas de que gosto mesmo muito / Things I really really like

Da luz alaranjada de final de tarde que entra no meu quarto no verão.
Acordar antes do despertador porque esgotei o sono, abrir as janelas porque a casa está quente e pôr a Lorde a cantar alto enquanto arrumo a casa do rescaldo de um programa com algumas das pessoas de quem mais gosto, antes de me arranjar para programas com algumas das pessoas de quem mais gosto.
Receber uma mensagem de alguém que está longe, mas que sabe que estou aqui deste lado à espera de notícias.
Traduzir os meus próprios textos.



Thursday 21 August 2014

Apetite à uma da manhã / Late night cravings

Abro a porta a quem me tocar à campainha com uma coisinha destas para me dar.








I will open the door to anyone who brings me one of these.

Sunday 17 August 2014

Reconstrução

Ontem, sem intenção, repeti algo extremamente simples que fiz na semana em que regressei a Portugal, precisamente com as mesmas duas pessoas que o fizeram comigo nessa altura: ir às compras para um jantar com amigos.
Lembro-me de, naquele dia, andar pelos corredores do supermercado tipo zombie, de nó na garganta, dores de cabeça de tentar conter as lágrimas e estômago revoltado pela ansiedade extrema em que me encontrava. Sentia-me um caco, um pedaço de nada sem absolutamente valor nenhum. O mundo tinha acabado de me cair aos pés e o tapete tinha-lhe saído de baixo (bem, aqueles clichés típicos de quem se desilude com as expectativas e as pessoas). O jantar, que podia ter sido mesmo divertido, foi passado em auto-comiseração, à espera de uma palavra de alento, de um mimo que fosse. Enfim, distraí-me a pensar no que podia ser em vez de aproveitar o que tinha ali mesmo à minha frente e que era tão bom.
Passaram-se sensivelmente dois meses, que têm sido longe de formidáveis (lágrimas, muitas lágrimas, desespero, dúvidas, confusão, auto-estima a arrastar-se pelas ruas da amargura, enfim, esses clichés de quem estava no topo do mundo e caiu até cá abaixo; emaranhados com momentos de euforia de quem acha que supera tudo num piscar de olhos - estalar de dedos não, que não sei fazer disso), e dei por mim a andar novamente naqueles corredores com uma lista de compras na mão, a sorrir, a conversar e entusiasmada com o jantar dessa noite. Não estava eufórica, não foi uma sensação momentânea acabada à noite, sozinha na cama, quando já toda a gente tinha ido embora, e substituída, uma vez mais, pelo nó na garganta, as lágrimas a queimar e o estômago às voltas (na verdade até estava, mas por razões de exageros gastronómicos). Não. Algo em mim mudou durante a semana que acabou e me fez arrancar a auto-estima do alcatrão quente para a pousar numa prateleira longe dos sapatos que queiram pisá-la. Encontrei (alerta cliché) as rédeas da minha vida, peguei-lhes e percebi que é bastante mais fácil domá-la do que aquilo que me parecia.
Estou partida, talvez até desfeita em pedacinhos. Mas acho que há uma cola para isso. Chama-se tempo e paciência, não só meus mas também daquelas pessoas que foram ficando, mesmo quando não gostavam do que viam; dos grilos falantes da minha vida.
Não sei quanto tempo demora o processo de reconstrução, mas sei que já começou.

Thursday 14 August 2014

Wednesday 13 August 2014

Pontaria / Bullseye

Quando era miúda tive uma grande vacina contra todos os vírus, bactérias e demais nojos que possa haver: comi terra (sem comentários) e, consequentemente, apanhei uma disenteria que, segundo reza a lenda, não foi bonita de ver.
A parte boa disso é que não me lembro de nada e, hoje em dia, raramente fico doente. Nada me pega, mesmo. Nada que um ibuprofeno tomado na altura certa não resolva.
No entanto, quando fico (aí de três em três anos, se não mais), é sempre nas alturas mais inconvenientes: normalmente é no verão, no Natal ou perto de uma situação importante. E nunca é uma ligeirinha dor de garganta: é febre, dores no corpo, dores de garganta intensas, espirros, tosse e todo o carnaval junto.
Desta vez foi no segundo dia de Sudoeste e por cá continua, a atazanar-me as noites e a assaltar-me o cesto dos medicamentos como se fossem gomas.

Free pass

Se há coisa que me custa aceitar é esta tendência que as pessoas têm de entrar e sair da minha vida de livre e espontânea vontade, como se tivessem um free pass para os sentimentos. Hoje gostam, fazem por estar, por conhecer, por dar atenção. Mas amanhã já estão cansadas, já dá trabalho, já não apetece continuar, porque o início é muito mais giro, a tentação é divertida, o perigo apimenta tudo.
Um dia vou inventar um manto de frieza com o qual me visto sempre que for tomar um café, ou jantar, ou ao cinema, ou simplesmente conversar com alguém. Só muito de vez em quando abro uma frecha, para ver no que dá. Se for intenso demais, o melhor é fechar novamente, voltar a tapar-me e deixar que os sentimentos sejam barrados pelo tecido.
Porque quando o sentimento acaba, o vazio é imenso.

Foto daqui / Picture from here


I cannot accept at all this tendency people have to come in and out of my life as they want, as if they had a free pass for feelings. Today they like, they make everything they can to be together, to get to know me, to pay attention. But tomorrow they are tired of it, it takes a lot of work, the willing to carry on fades away, because in the beginning everything is so much funnier, the temptation is amusing, the danger is spicy.
One day I will make a coldness cloak that I will wear anytime I go out for a coffee, a dinner, a movie or a conversation with someone else. I will only allow me to open it rarely, just to see what comes of it. If it's too intense, I will close it again, wrap it around myself and let the feelings to be blocked by the fabric.
Because once the feeling is gone, the emptiness is too deep.

Sunday 3 August 2014

Constatações infelizes da vida / Unfortunate truths

Mesmo que tivesse corpo para ser modelo, nunca poderia sê-lo: de uma maneira ou de outra tenho sempre as pernas todas negras...



Even if I had a top model body, I could never be one: somehow I manage to always have my legs full of bruises.

Friday 1 August 2014

Sem comentários / No comments



Acho que há coisas que só me passam a mim pela cabeça e, como tenho tendência para o exagero, acabo por fazer delas situações hilariantes. É um desperdício quando não são partilhadas com ninguém.
Ontem deitei-me, apaguei a luz e senti qualquer coisa na orelha. Toquei-lhe, fechei os dedos à volta dela e percebi, pela textura e pelo barulho, que era uma aranha. Daquelas nojentas, com corpo redondo e enorme e patas pequenas. Desatei aos berros, acendi a luz e atirei com aquilo já bastante esmagado para o chão.
Quando olhei de perto percebi que era apenas o revestimento do brinco, que tinha saído e ficado agarrado à minha orelha.
Tive pena de ter sido a minha única testemunha.