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In other words...

Monday 29 September 2014

Reviver

Nem sempre querer é poder, porque há coisas que, por muito que as desejemos, não estão nas nossas mãos. Às vezes é preciso aceitar quando se luta em vão, baixar as armas, resignar e esperar por um novo projeto mais concretizável, mais ao nosso alcance. Por muito pequeno que seja.
Porque, quase sem dar por isso, quando já se chegou ao estado de desespero, há dias como o meu de hoje, em que voltei a ser eu, entusiasmada como uma criança na noite de Natal com dois pequeninos acontecimentos. Nada de mais, nada de especial, mas uma fonte de sorrisos, de guinchos, de ambições e de esperanças.
Há coisas que não foram feitas para ser, que nunca chegarão a realizar-se. Mas há outras, não obrigatoriamente melhores, que sim.
E talvez um dia, muitas coisinhas destas depois, me dê conta de que tudo acabou por ficar bem.

Saturday 27 September 2014

27 de setembro

27 de setembro de 2007 foi o dia em que a minha vida mudou. Foi o meu primeiro dia de Erasmus em Paris, onde fiquei a crescer, a conhecer, a adquirir memórias e experiências que me trouxeram até aqui, onde estou, sete anos depois.
O dia 27 de setembro levou-me ao mundo e trouxe o mundo até mim. Fez-me vê-lo, conhecê-lo e fez-me ver-me e conhecer-me a mim também, de uma maneira que julgava irrepetível.
Hoje, neste dia 27 de setembro, já passei por muito mais mundo e estou de volta ao Porto, quem sabe para sempre, com mundos temporários pelo meio. Hoje conheço-me um pouco mais e pouco reconheço daquela menina de 19 anos e aparelho nos destes que partiu rumo ao desconhecido. Agora sei que tenho mais coragem e mais força do que ela pensava, mas sou igualmente mais frágil e mais dececionável do que naquela altura. Sou menos ingénua e menos inocentemente feliz.
Neste dia 27 de setembro de 2014, se pudesse, voltava a ser a menina positivamente amedrontada de 27 de setembro de 2007, ainda livre do contacto direto com a complexidade confusa das pessoas. Com o mundo aos pés e a felicidade apenas a dois passos de distância.

Tuesday 23 September 2014

Feridas abertas

Time flies. Time waits for no man. Time heals all wounds. All any of us wants is more time. Time to stand up. Time to grow up. Time to let go. Time.
(Grey's anatomy)

É um bocado estúpida a sensação de impotência que confere esta dependência do tempo para que tudo corra bem, para que tudo dê certo. Devia bastar-nos fazer. Esquecer. Seguir em frente. Reconstruir. Piscar os olhos e puf, está tudo composto porque foi isso que quisemos.
Mas não, o tempo manda e diz que tem o seu ritmo próprio. E a nós, a mim, resta respeitá-lo.

Thursday 18 September 2014

Dez anos de diferença / Ten years apart

Estar, de manhã cedo, na sala de casa dos meus pais mergulhada na penumbra, apenas com a mesma empregada de sempre por companhia, enquanto lá fora chove torrencialmente faz-me sentir que estou a viver uma daquelas experiências cinematográficas de retrocesso no tempo (também emocional) até ao meu 11º ano, quando ainda andava na escola aqui ao lado e passava as manhãs a ver MTV e a fingir que estudava.
De repente ponho o hoje e o então e quase que fico cansada com o tanto que a minha vida mudou em dez anos.


Friday 12 September 2014

É verdade (7) / That's true (7)

Quando temos uma família, amigos, colegas e conhecidos junto de quem nos sentimos bem, à vontade, mas há uma pessoa para quem queremos sempre ir no final do dia, com quem somos mais nós do que com qualquer outra, para quem foge o nosso corpo e o nosso pensamento, com quem pensamos nos momentos de aperto e nos de maior felicidade, com quem partilhamos tudo (ou quase) em que pensamos, praticamente sem o filtrar, e, ainda assim, é sempre ao lado dela que nos sentimos melhor... é, sem muita margem para dúvidas, amor. E um amor que vale a pena.

Imagem:https: //www.facebook.com/LoveSexIntelligence

When we have our own family, friends, co-workers and acquaintances among whom we feel comfortable, at ease, but there is someone else we can always go home to at the end of the day, with whom we can be ourselves as with no one else, to whom our body and our mind run to, in whom we think when we are sad, worried or extremely happy, with whom we share everything (or almost) we think of, before we even filter it, and, still, it is with that person on our side that we feel really good... then it is, without a doubt, love. And it's a love worth loving.

Wednesday 10 September 2014

Hora de almoço / Lunch time

São 15h19. Pergunto ao meu irmão:
- Não ias fazer um lanche especial?

Responde-me ele:
- Sim, mas é só depois de almoço.

Insurjo-me:
- Ainda não almoçaram? É tudo louco, nesta casa?
Passados uns segundos de reflexão acrescento:
- Bem, eu também não, mas é só porque eu não vou almoçar...


Tuesday 9 September 2014

Não era verão? / Has Summer arrived yet?

No verão passado passei tardes e noites inteiras de ventoinha apontada para mim e fartei-me de tomar banhos frios, antes ou depois de jantar, só para evitar derreter.
Neste verão quase que conto pelos dedos de uma mão os dias em que esteve calor a sério, em que tive de ligar o anti-melgas... Este ano senti falta dos banhos refrescantes, de vestir o pijama fresco ainda antes de jantar e com um cheirinho a banho no corpo.
Este ano - que foi, ironicamente, aquele em que mais morena fiquei - senti falta do verão a sério.


Last Summer I had to turn on a fan, pointing directly at me, in order to survive several afternoons and nights, and I took many cold showers, before or after dinner, so I would not melt.
This Summer I can count with only one hand all the really hot days, where I had to use the repellent... This year I missed all those refreshing showers, being dressed in my fresh pajamas right before dinner, with a nice soap fragrance on my body.
This year - which, ironically, was the one where I got really tanned - I missed a veritable Summer.

Monday 8 September 2014

Coisas de que gosto mesmo mesmo muito (3) / Things I really really like (3)

Ter alguém para quem cozinhar o jantar. Uns simples ovos mexidos, um salmão no forno, ou massa com pesto. Bom é alguém para alimentar.

Having someone to cook dinner for. Whether it is scrambled eggs, grilled salmon or pasta with pesto. It is so good to have somebody to feed.

Friday 5 September 2014

É verdade (6) / That's true (6)

Há poucas coisas tão reconfortantes como andar na rua ao princípio da noite e ver as luzes das salas e das cozinhas dos prédios acesas. Para lá das janelas é possível vislumbrar vultos sem cara e adivinhar as vidas das famílias que preparam e desfrutam de mais um jantar junto das pessoas de quem lhes é mais importante.



There are few things as comforting as walking on the street in the evening and seeing the lights in the living rooms and in the kitchens of other buildings. Through the windows we can glimpse faceless shadows and imagine families cooking and enjoying another dinner, surrounded by their loved ones.

Que sera sera

Quando andava no secundário a estudar poemas que falavam sobre o destino, achava aquilo uma treta pegada: não acreditava minimamente que houvesse uma entidade qualquer que decidisse que estou a escrever este texto de pernas cruzadas em cima do sofá, às 13h07 do dia 5 de setembro de 2014 não por vontade minha, mas porque era suposto ser assim.
Hoje e cada vez mais tenho a certeza de que nada acontece por acaso. Não foi só porque sim que entrei há um ano num ciclo de mudanças que podia ou não ter acontecido, tanto fazia.
Não sou, hoje, a pessoa que era há um ano, sem qualquer sombra de dúvida. E só não o sou porque fui a sítios, conheci pessoas e vivi experiências que se combinaram para tal.
Se, por um lado, é assustador pensar que não tenho assim tanto controlo sobre a minha própria vida, por outro é reconfortante poder encostar-me à ideia de que tudo se resolve, porque o que é para ser será.

Tuesday 2 September 2014

Setembro

Setembro era o mês das minhas férias, de Benidorm quase sem exceção, de wakeboard sem exceção, de biquínis e de calções de banho e de morenar um bocadinho. Era o mês do regresso às aulas, de um recomeçar cheio de boa vontade e de novos objetivos, quase como uma passagem de ano. Setembro foi o mês em que conheci Paris pela primeira vez, em que fiz Erasmus, em que arranjei a minha primeira casa.
Setembro é, invariavelmente, um mês em que nunca sei com o que contar, mas em que entro de cabeça à espera de algo bom.
Este setembro começou dentro do carro, com a música bem alto, numa noite húmida pela marginal fora. Este setembro começou com sorrisos, muitos, daqueles que não se desfazem facilmente.
Este setembro, espero, vai ser meu.