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Sunday, 10 November 2013

Não melhor amiga


Tenho uma grande amiga (não uma melhor amiga, porque decidi que ia deixar-me dessa designação) com quem comecei com o pé errado. Não a descobri por mim mesma, não a desencantei algures numa das minhas atividades ou numa das instituições de ensino onde andei. Foi-me trazida pelo meu marido, na altura namorado, por ser uma parte dele. Era e ainda é a melhor amiga dele (porque a ele não o incomoda essa designação).
Depois de lidar com crises de ciúmes por parte das namoradas de um grande amigo meu, prometi a mim mesma que quando tivesse um namorado não teria ciúmes das amigas dele, porque, na verdade, isso não faz sentido nenhum. Não se esclarecermos tudo logo no ponto de partida.
Mas, quando o momento chegou, deparei-me com uma rapariga gira, interessante, inteligente e com um humor mais parecido com o dele do que o meu. E a inconsciência dos ciúmes apoderou-se de mim.
Anos mais tarde, não sei como é que evoluímos para o que temos agora: passamos os fins de semana juntos, de manhã à noite, como se fôssemos uma pequena família; compramos e cozinhamos o jantar a meias; ela vai ao frigorífico e serve-se daquilo que quer; adormecemos os três no sofá a ver um filme desinteressante ou jogamos qualquer coisa até altas horas da noite.
Uma vez mais, não me lembro de como chegámos até aqui. Tenho ideia de ter cumprido uma parte da minha promessa e de não ter feito por afastá-la, de termos conversado muito (a melhor receita para qualquer problema) e de passarmos cada vez mais tempo juntas. Sem o prever, aquela rapariga intimidadora é, agora, uma das únicas pessoas a quem mostro todos os meus lados, a quem digo tudo aquilo que penso e de quem ouço tudo, com quem partilho disparates engraçados mas, na maioria, sem a piada pretendida surtir efeito.
Custou-me imenso quando esteve emigrada do outro lado do oceano (obrigada, senhor Skype) e custar-me-á imenso, talvez ainda mais, quando voltarmos a separar-nos, mais tarde ou mais cedo. Mas algo me diz, ao contrário daquilo que ela pensa, que dificilmente iremos deixar de ter isto que existe entre nós: uma não melhor amizade.
Há quem diga que é complicado fazer amigos a partir da idade adulta. Eu afirmo que é mentira.

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