Durante a minha infância brinquei às casinhas, onde o objetivo era apenas pegar no bebé ao colo, dar-lhe miminhos e muitos beijinhos, deitá-lo na caminha e ir buscá-lo quando o sono imaginário começava, fazer-lhe papinhas e fingir que o alimentava e, se a coisa desse para tanto, mudar-lhe a fralda em que, previamente, pintara uma mancha castanha.
Mais tarde comecei a gostar de pegar em bebés a sério e de tentar ajudar as mães (aquelas que deixavam que a cria tivesse outras mãos que não as suas a tocar-lhe) no que fosse possível.
A brincadeira evoluiu quando tive de ser irmã mais velha dos meus irmãos mais novos e o que fazia com os meus bonecos passou a fazer parte do meu quotidiano, com a diferença de que nenhum deles era feito de plástico, eu já não era uma criança e não podia deixar as tarefas a meio quando começavam os desenhos animados.
No entanto, nunca tive de tomar decisões sérias: todas aquelas crianças entraram para a escola e eu não tive nada a ver com isso, começaram a fazer natação ou a jogar futebol e ninguém me consultou, iam a festas de aniversário e eu nunca tive de decidir absolutamente nada. Isto é, a mãe não era eu.
Entretanto cheguei àquela fase em que penso nos meus futuros filhos como uma realidade não muito longínqua e a questão que mais vezes me invade o pensamento é precisamente a da sua educação, que comparo a um trabalho de grupo: quando temos de o fazer sozinhos é a nossa opinião e as nossas decisões que prevalecem, a responsabilidade é apenas nossa mas somos nós que temos o controlo; quando as responsabilidades são divididas com mais alguém, as decisões também o são e é preciso chegar a um consenso antes de seguir para a prática.
Não me parece muito correto que um dos pais responda sempre eu não sei, pergunta à mãe/ao pai, que ela/ele é que sabe, mas também me parece igualmente errado um dizer que sim, o outro dizer que não e deixar a criança confusa. Por isso, numa das muitas conversas que tenho com o meu namorado sobre este tema, decidimos que quando tivermos de tomar uma decisão sobre um tema que ainda não tenhamos discutido e não estivermos juntos, dizemos sempre que não até podermos conversar. É que mudar um não para um sim não é propriamente difícil, mas um sim que passa a não é daquelas coisas que os miúdos não conseguem aceitar.
8 comments:
Pensas em crianças próprias dá sempre para horas de conversa, horas sem dormir, horas de meditação...
O meu maior medo não são as possíveis confusões. No fundo são normais, e também ensinam a criança a lidar com ambivalências. Para mim o meu maior medo é não ter capacidade de educar uma pessoa decente, com valores decentes. O que não falta por aí são pais que podem ser as melhores pessoas do mundo mas que não conseguem passar isso à descendência...
É esperar pelo melhor...
Só acho que, em vez de dizer não e depois sim, o mais correcto é explicar mesmo que primeiro têm de conversar com o pai ou a mãe e depois lhe dão a resposta. É que, apesar de para eles ser maravilhoso que um não passe a sim, acaba por, indirectamente, lhes passar a ideia de que cada vez que lhe dizem não mais tarde dirão que sim e portanto não tem de levar o não a sério. :)
Pelo menos, pelo que tenho aprendido, parece-me esta a melhor estratégia...
Rui Pi, sei que sim. Ainda não cheguei lá, mas já tenho essa mesma dúvida e algum medo de falhar. Acho que o melhor é mesmo uma pessoa fazer realmente o que acha correto, mas não ser intransigente.
Jude, agora que eu estava pronta para ser uma mãe fenomenal, vens fazer-me questionar a minha decisão? ;)
Não se pode planear tudo, a vida dá tantas voltas. O meu filho foi planeado e desejado, no entanto, agora, encontro-me no meio de um divórcio desastroso, e nunca mas nunca pensei que o pai do meu filho fizesse as coisas que faz, nomeadamente, há 1 ano que não vem ver o pequeno e não lhe dá 1 cêntimo, só pensa nele próprio.
Bem sei que fugi ao tema, mas uma pessoa nunca sabe, só depois de ter a criança é que pode ver como as coisas são, até porque nem todas as crianças são iguais, e já nascem com a sua própria personalidade. Mas sim, a educação deve ser linear, não é dizer sim, depois não, ou vice-versa, aí a criança fica confusa, e é mais difícil incutir-lhe regras.
kiss kiss
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Alix, eu sei que tens razão. Este post era mais humorístico do que verdadeiro. Ainda ontem constatava que os planos de vida saem, normalmente, furados. Alguns dos aspetos principais podem manter-se, mas sem estarmos perante uma situação concreta nunca saberemos como iremos reagir.
Concordo, as decisões devem ser planeadas em conjunto. Umas das coisas que mais confusão me faz, são aqueles casais em que é sempre o pai a decidir tudo, a mãe nunca decide nada.
Big Kisses
Vou tentar ver ainda hoje mas aliado ao medo vem a falta de tempo :x Depois digo o que achei :D
Acho que tudo dependerá da criança que tiverem, do ambiente em que a criarem, de tanta coisa... Mas estarem de acordo será de facto algo essencial.
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