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In other words...

Thursday, 31 May 2012

Intransigência


Não lido bem com pessoas intransigentes. Não falo daquelas de cabeça decidida e assertiva, que sabem exatamente o que querem e fazem tudo para o conseguir. Falo das que se dão ao luxo de não resolver uma situação desagradável porque não pretendem sair da sua zona de conforto.
Falar com pessoas assim é o mesmo que falar com uma parede, porque queixam-se de que a vida não lhes corre como gostariam, mas se um dia decidiram que tinham de fazer assim, nunca se permitem fazer assado, mesmo quando a segunda hipótese é a única solução.
Vejo essas pessoas como mentalidades fechadas num tempo antigo, onde tudo o que fosse diferente ou novo era olhado de lado e não compreendo quem não arrisca, porque todos sabemos que arriscar é, precisamente, correr um risco que tanto pode trazer resultados benéficos como prejudiciais e que, normalmente, traz um bocado dos dois. Mas também todos sabemos que, quem não arrisca, não petisca. E quem não quer petiscar porque decidiu que nunca provaria um sabor diferente não vai nunca mudar e irá sempre ficar a perder qualquer coisa.

Wednesday, 30 May 2012

Educar


Durante a minha infância brinquei às casinhas, onde o objetivo era apenas pegar no bebé ao colo, dar-lhe miminhos e muitos beijinhos, deitá-lo na caminha e ir buscá-lo quando o sono imaginário começava, fazer-lhe papinhas e fingir que o alimentava e, se a coisa desse para tanto, mudar-lhe a fralda em que, previamente, pintara uma mancha castanha.
Mais tarde comecei a gostar de pegar em bebés a sério e de tentar ajudar as mães (aquelas que deixavam que a cria tivesse outras mãos que não as suas a tocar-lhe) no que fosse possível.
A brincadeira evoluiu quando tive de ser irmã mais velha dos meus irmãos mais novos e o que fazia com os meus bonecos passou a fazer parte do meu quotidiano, com a diferença de que nenhum deles era feito de plástico, eu já não era uma criança e não podia deixar as tarefas a meio quando começavam os desenhos animados.
No entanto, nunca tive de tomar decisões sérias: todas aquelas crianças entraram para a escola e eu não tive nada a ver com isso, começaram a fazer natação ou a jogar futebol e ninguém me consultou, iam a festas de aniversário e eu nunca tive de decidir absolutamente nada. Isto é, a mãe não era eu.
Entretanto cheguei àquela fase em que penso nos meus futuros filhos como uma realidade não muito longínqua e a questão que mais vezes me invade o pensamento é precisamente a da sua educação, que comparo a um trabalho de grupo: quando temos de o fazer sozinhos é a nossa opinião e as nossas decisões que prevalecem, a responsabilidade é apenas nossa mas somos nós que temos o controlo; quando as responsabilidades são divididas com mais alguém, as decisões também o são e é preciso chegar a um consenso antes de seguir para a prática.
Não me parece muito correto que um dos pais responda sempre eu não sei, pergunta à mãe/ao pai, que ela/ele é que sabe, mas também me parece igualmente errado um dizer que sim, o outro dizer que não e deixar a criança confusa. Por isso, numa das muitas conversas que tenho com o meu namorado sobre este tema, decidimos que quando tivermos de tomar uma decisão sobre um tema que ainda não tenhamos discutido e não estivermos juntos, dizemos sempre que não até podermos conversar. É que mudar um não para um sim não é propriamente difícil, mas um sim que passa a não é daquelas coisas que os miúdos não conseguem aceitar.

Monday, 28 May 2012

Entranha-se nos meus poros


Gosto pouco (ou quase nada, vá) de bares onde é permitido fumar. No dia seguinte é certo e sabido que toda eu, desde os sapatos ao cabelo, passando pelo casaco, tenho de ser submetida a um rigoroso processo de limpeza.
No entanto há sempre alguma peça de roupa imaculada que é infestada à chegada a casa e que vai infestando dissimuladamente tudo o que tenho para vestir. E durante cerca de um mês ando a sentir em mim o cheiro nojento do tabaco fumado por muitos outrens.

Muito mais do que apenas azul e branco


As vistas que os vários edifícios e pontos altos que a cidade do Porto oferecem são quase todas maravilhosas. Mas no sábado apercebi-me de que a vista sobre o Porto é ainda mais fantástica.
Sentei-me na esplanada do hotel Yeatman, em Gaia, a beber um carioca de limão enquanto assistia aos efeitos do pôr do sol sobre o lado de cá do rio e deliciei-me com o que via: as luzes da Ribeira a refletir nas águas frias do Douro, o sol a fugir por entre os vários edifícios (modernos e antigos), os carros a deslizar pelos mais variados caminhos e, a parte mais bonita que estas duas cidades partilham, as pontes iluminadas e imponentes a dominar a paisagem e a obrigar os olhos de qualquer um a pousar em si, a admirá-las e a apaixonar-se, uma vez e outra, pelo Porto.

Friday, 25 May 2012

Ups!

Tenho uma freira como contacto de facebook, que acabou de ser tagada numa fotografia de um site chamado fotos fodonas.
Acho que não há nada mais apropriado.

Just in case


No verão passado, tive em minha casa uma sessão de leitura de mãos feita por uma amiga, que se dedicou durante meia hora a prever o futuro de quatro pessoas. Previu que eu vou ser imensamente feliz e minimamente rica, pelo que a noite ficou logo ganha, mas quando chegou a vez do meu namorado, viu que vai entrar uma nova mulher na vida dele.
Até aqui tudo bem, especialmente porque eu, que acredito tanto nisto como no coelho da Páscoa, tenho a certeza de que se ela voltasse a fazer a dita leitura, ia descobrir coisas completamente diferentes.
No entanto, há uma ou duas semanas o meu namorado acordou da anestesia a chamar por um nome de mulher, muito zangado, mas não se lembra muito bem porquê. A questão aqui é que não só o nome não era o meu, como não era o de ninguém que ele conheça.
Entretanto lembrei-me da previsão do futuro dele e a brincadeira começou a ter menos piada.
Ontem um amigo dele ligou-lhe a dizer que vinha a casa e que ia trazer com ele uma amiga... com o nome por que ele chamou quando acordou da anestesia.
Já fui comprar corda e fita adesiva para o prender em casa durante o fim-de-semana, só por precaução...

Thursday, 24 May 2012

Não tem de haver só um lado bom e um mau

Há sempre duas maneiras de olhar para cada momento da nossa vida. Embora nem sempre seja fácil, somos mais felizes se conseguirmos fazer o possível para vermos sempre o melhor de tudo, para aceitarmos cada mudança, cada dia, cada passo como algo bom do qual guardamos boas recordações.
Foi isso mesmo que esta família fez: sabiam que o filho tinha poucas horas de vida, pelo que tentaram pôr o choro e os lamentos de lado por algumas horas e encarar a curta vida dele com alegria. Não sei o que faria no lugar destes pais, mas acredito que, pela atitude que mostram através do vídeo, possam ser mais felizes do que quem deixa a vida passar ao lado, focando-se apenas no que está mal.

Tuesday, 22 May 2012

Mudança de estação


Normalmente é por volta desta altura que meto a exagerada quantidade de mantas que tenho em uso (tenho sempre disponíveis para mim, para o meu amor e para eventuais visitas) na máquina para, lá para meados de outubro, voltar a enrolar-me nelas e sentir o cheirinho a lavado.
Ontem não foi exceção, mas enquanto algumas delas lavavam, eu estava estendida no sofá embrulhada em duas delas. É que tem estado um tempo tão invernoso que tenho de travar uma grande luta interna só para não ligar o aquecedor em finais de maio.

Monday, 21 May 2012

Pedido ao público

Ando há algum tempo à procura de informação sobre o voluntariado efetuado no Haiti, aquando do terramoto de 2010. Alguém conhece quem tenha ido ou quem saiba dar-me algumas noções do que foi feito no terreno e das burocracias que tiveram de ser tratadas antes da partida e durante a estadia lá?
Agradecia imenso imenso se puderem dizer-me alguma coisa para o e-mail (petitpainauchocolat.blog@gmail.com).

Sunday, 20 May 2012

Declaro-vos marido e mulher


No casamento a que fui ontem apanhei o ramo da noiva, dancei até não conseguir mexer os pés, ri-me como uma perdida, apanhei uma molha de fazer bater os dentes, não comi aperitivos nem sobremesas nenhumas, senti-me melancólica, apaixonei-me uma vez mais pela minha família e acho que dei meio passo em frente na minha vida.
Gosto de casamentos, adoro noivas e histórias de amor.
Há sempre um ambiente especial em cada casamento a que vou.

Thursday, 17 May 2012

Truques de venda


Numa loja de roupa:
Eu: Tem um cinto azul escuro?
Empregada: Não, mas tenho este cor-de-laranja e este castanho. São muito bonitos.

O pessoal das lojas tem um bocado a mania de tentar impingir aos clientes exatamente aquilo que eles não pediram. Se eu vou à procura de um cinto azul escuro, é porque é um cinto azul escuro que eu quero. Se eu perguntasse tem algum cinto que fique bem neste vestido?, aí sim, tinham liberdade para dar sugestões.
Bem sei que têm a missão de vender o máximo possível, mas nunca me deixo convencer por essas artimanhas e fico logo sem vontade de continuar dentro do estaminé.

Wednesday, 16 May 2012

Os lugares na cama


Quando ele sai da cama antes de mim, que é quase sempre, eu puxo logo a almofada dele para mim e deito-me em cima dela. A minha é mais baixinha e mais agradável para o pescoço, mas a dele... tem o cheirinho dele.

Estilo de vida poupado


Desde cedo tive bastante consciência do dinheiro, pelo que, embora tenha um gosto caro para algumas coisas, fui sempre muito poupada na hora de comprar seja o que for. Mas quando comecei a viver por minha conta, essa minha característica foi sendo cada vez mais explorada e tenho prazer de comprar coisas giras a um preço muito baixo. 
Entre uma Primark e uma Zara ou uma Mango, escolho sempre a primeira. Sim, eu sei, os acabamentos, e a qualidade e tudo o mais... Mas a moda é extremamente volante e recuso-me a obrigar-me a continuar a usar uma peça de roupa até à exaustão, apenas porque gastei um salário inteiro nela.
Se estragar, estragou. Se a perder, não choro por ela. Se já não me ficar bem, dá-se.
Não compro calças acima de dez/doze euros, nem sapatos acima de vinte, no máximo dos máximos. Também não sou uma compradora compulsiva e só compro aquilo de que preciso mesmo, por isso tenho mais facilidade em manter o dinheiro no bolso.
Para além disso, nunca trato de mim fora de casa, com exceção do meu cabelo: nunca o corto em casa, mas mesmo para isso faço-o por cinco euros.
Sou, de facto, uma pessoa forreta, se o quiserem, e isso faz de mim uma pessoa bastante feliz.
Por isso quando ontem, uma amiga minha me disse com a melhor das intenções, que se quisesse pintar as unhas com uma cor especial, podia ir à esteticista dela e só pagava dois euros, eu ri-me. Nunca me passaria pela cabeça pagar o preço de um verniz por uma só aplicação.
Ela olhou para mim como se eu fosse de outro planeta, mas a verdade é que nunca tratei das unhas fora de casa e tenho-as sempre apresentáveis. Cansa, é chato, mas é assim que gosto de gerir os meus luxos.


Tuesday, 15 May 2012

Positivismo precisa-se


Normalmente tenho uma visão muito positiva, às vezes algo utópica, sobre o meu futuro, numa perspetiva a longo prazo. Acho sempre que uma pequena oportunidade vai transformar-se exatamente naquilo que quero para a minha vida e idealizo cenários que, sem um golpe de sorte extrema, não se tornam realidade de um dia para o outro. Talvez por isso exija bastante de mim, dos outros e dos projetos em que me envolvo.
Isto poderia resultar em sucessivas desilusões se essa minha ilusória perceção não se fosse alterando à medida que o longo prazo se aproxima e se torna curto. É aí que começo a pensar que talvez não esteja pronta para aquilo, que provavelmente haveria gente melhor para o cargo ou que as responsabilidades que me atribuíram são demasiadas. Com a aproximação da data de início, as dúvidas aumentam, questiono-me constantemente e nem toda a preparação do mundo me deixa descansada.
É assim que estou agora, na véspera de um novo começo. Passei a manhã a imprimir coisas para estudar, porque sei que vou um bocado em branco quanto aos objetivos que esperam que cumpra, mas ando a saltar entre o entusiasmo e a auto-repreensão.

Monday, 14 May 2012

Querida primavera...


Aproveitei o fim de semana para voltar a usar roupa fresca, para trazer as sandálias para mais pertinho de mim, para inaugurar a temporada de caipirinhas no Molhe, para passear nas rochas e para limpar do carro as lágrimas do inverno.
Adoro estas noites quentes que cheiram a todas as flores que vão desabrochando e que só pedem um casaco de malha ou uma écharpe, e estas tardes fenomenais em que qualquer passeio, por mais pequeno que seja, parece ser o melhor de sempre.
Já planeei os meus próximos fins-de-semana e decidi que este meu ano vai ser cheio de praia. Estou pronta!

Saturday, 12 May 2012

Como uma frase egoísta pode ser uma declaração de amor

Estava a fazer torradas para nós e ele entrou no preciso momento em que eu espetava a ponta da faca numa fatia de pão para ajudar a tirá-la da torradeira:
- Não podes fazer isso!
Eu sorri e não disse nada.
- Ouviste? Não podes fazer isso. Apanhas um choque e morres. Para ti é fácil, mas e eu? Fico sozinho...
Com isto só pude confessar-lhe que o fazia praticamente todos os dias e prometer-lhe que ia deixar de fazer.

Thursday, 10 May 2012

Se ela não estivesse presa ao pescoço...


Entrei no metro com um destino muito diferente do habitual e logo no início da viagem achei que estava na direção errada. Levei atrás de mim o casaco, o saco e a carteira e fui verificar as linhas todas e os respetivos destinos. Pareceu-me estar tudo bem, pelo que voltei, com as minhas tralhas atrás, a sentar-me no lugar.
Entretanto a carruagem foi esvaziando e umas paragens mais à frente voltei a fazer o mesmo: pegar na mercadoria e ir verificar a linha em que estava, mas desta vez achei que alguma coisa estava errada, pelo que decidi sair. Fiquei um bocado revoltada quando me dirigi para a porta e esta estava já a fechar. Ainda tentei carregar no botãozinho, mas ela não voltou atrás.
Achei que o melhor era voltar a sentar-me e esperar pela estação seguinte. Eis senão quando vejo a minha carteira pousadinha no banco em que eu tinha estado.
Ia tendo um ataque de pânico e pus-me a imaginar as piores situações que teriam acontecido se aquelas portinhas não tivessem sido tão mazinhas e não se tivessem fechado na minha cara.
Já é a segunda vez em que quase que deixo uma carteira no metro, e no verão passado deixei-a mesmo a passar a noite no chão da receção do hotel.
Não sei o que tenho na cabeça, mas memória não é de certeza.

Wednesday, 9 May 2012

Um dia corto-o... mas não é para já


Um dos aspetos positivos de ter o cabelo tão comprido como o meu está agora é poder prendê-lo sem ter de usar um único gancho. É que aquelas porcarias, ao fim de um tempo, dão-me sempre uma dor de cabeça descomunal.
O bónus é que ele está tão pesado que não tem força para ganhar vontade própria e fazer de si o que muito bem lhe apetecer. Limita-se a obedecer-me.

É verdade


Não consigo ler blogs que comecem todos os posts com "olá, meninas", "olá, queridas", "dear girls" nem nada no género. E assim que abrir um blog e começar uma musiquinha irritante que nunca se sabe onde se desliga, carrego imediatamente na cruzinha branca em fundo vermelho.
Gosto de blogs com conteúdo e não consigo ficar mais do que três segundos numa página cheia de visuais do dia, nem de coleções de maquilhagem.
No fundo, no fundo, gosto de blogs que partilhem do estilo do meu.

Tuesday, 8 May 2012

4 ♥


Há quatro anos esperei por ti debaixo da torreira do sol para mais um dos nossos habituais passeios a dois. Chegaste e cumprimentaste-me pela última vez com dois beijos na face. Eu tremia por todo o lado e não sabia se a tarde ia corresponder às minhas expetativas, mas segui-te pelos caminhos que me indicaste.
Subimos e descemos ruas e deste-me o beijo prometido e mais outros não prometidos mas desejados.
Levaste-me para a Ribeira e passámos horas agarrados entre o falar e o não falar.
Quando me fui embora, o teu cheiro tinha ficado embrenhado em mim com medo de se afastar e eu sentia-me inebriada pelo teu perfume que me acompanhava, mesmo quando já me tinha separado temporariamente de ti. As nossas mãos tinham-se largado, mas eu ainda sentia o teu toque, ainda ouvia as palavras que me tinhas murmurado ao ouvido e via os olhos com que fixaste os meus.

Foi aí que deixámos de ser apenas amigos e nos tornámos no princípio daquilo que somos agora.
Quando te conheci, depois de descobrir que afinal não eras estrangeiro, soube que ia namorar contigo. Não podia era saber que iria viver contigo os melhores, para já, quatro anos da minha vida.



Monday, 7 May 2012

Trabalhar para o bronze


Passei o meu sábado a passear pelos prados e jardins de Serralves. A primeira tentativa de apanhar sol saiu um bocado furada quando me deitei na relva e uma colónia inteira de formigas decidiu colonizar o meu cabelo e os meus braços.
A segunda tentativa consistiu em sentar-me apenas num banquinho de madeira durante cerca de quinze minutos, a aproveitar o bocadinho de sol de fim de tarde que já ameaçava despedir-se sem piedade. Foi agradável mas curtinho.
No dia seguinte quando fui tomar banho reparei que fiquei com uma ligeiríssima marca da pulseira no pulso. Eu, que quando chego ao fim de um verão dedicado exclusivamente a trabalhar para o bronze, estou da cor que as pessoas normais têm no início do verão.
Seja como for, não me queixo. Pode ser uma promessa de que este ano vou ficar morena como qualquer pessoa que não seja da cor da cal.

Sunday, 6 May 2012

Gaguez momentânea


Depois da minha aventura automobilística debaixo de uma chuva torrencial e no meio de um trânsito brutal, cheguei ao Ikea a tremer por todos os lados e um bocado trôpega mental e fisicamente. A minha missão era simples: pedir as ferragens que faltavam à minha cómoda, pegar nelas e vir embora. Fácil.
Dirigi-me à rapariga que estava atrás do balcão e disse-lhe:
- Bla bla, comprei uma cómoda, bla bla faltam as ferramentas. Não são ferramentas, são as fe... fe... fe...
- Ferragens? 
- Isso...
Senti-me um bocadinho parva, mas prossegui:
- E, claro, faltam os parafusos equivalentes. Não, não é equivalentes. É correspetivos.
- Correspondentes? - Voltou a perguntar a rapariga.
Isso...
A esta altura, mais do que parva, sentia-me ignorante e com vontade de me enfiar por um buraco no chão. Ainda ponderei a possibilidade de explicar à rapariga por que é que o meu pensamento estava tão atordoado, mas cheguei à conclusão de que só ia humilhar-me mais, pelo que evitei falar mais do que o estritamente necessário.

Friday, 4 May 2012

Driving me crazy


Adoro conduzir sozinha ou acompanhada, mas, de preferência, com música. No entanto, quando sei que vou ter de fazer um caminho que nunca fiz sozinha começo a sofrer por antecipação: vêm os calores, vêm os suores frios, vêm os dedos a tremer e as imagens de mim perdida lá pelos confins do mundo. Quando me sento ao volante o meu coração dispara como se estivesse a ser submetida a um importantíssimo exame ou como se temesse pela minha vida (na verdade, esta última não é totalmente mentira).
Mas quando finalmente chego a casa, depois de deixar o carro arrumadinho na garagem, sinto-me orgulhosa de mim e já só tento forçar uma nova necessidade de ir a esse mesmo sítio sozinha.
Para já estou ainda na primeira fase do processo.

Thursday, 3 May 2012

Sonho com... (2)


Uma sapateira assim. Era a solução ideal para um dos meus problemas.

Por linhas tortas...?


Há duas semanas fiz um golpe no dedo ao abrir a embalagem de amaciador de cabelo. No outro dia deixei cair três quartos de uma cómoda em cima de um pé. Hoje queimei o dedo mindinho ao pegar numa torrada.
É alguma mensagem para mim? É que não estou entendendo...

Wednesday, 2 May 2012

O bom da vida é que não é uma comédia romântica


Ando a rever a série Hope & Faith, que já acabou há seis anos, e tenho vindo a constatar que nas séries de comédia sobre famílias há sempre uma personagem parva, incapaz e que só faz asneiras (neste caso é a irmã mais nova) e outra que é a única capaz de fazer as coisas andarem para a frente, séria e sem sentido de humor absolutamente nenhum (neste caso é a irmã mais velha, que coincide com a mãe/mulher da família).
Já em According to Jim, em Everybody loves Raymond e em Rules of Engagement há exatamente este esquema que, embora seja precisamente a dinâmica da coisa, me deixa um pouco revoltada. 
Primeiro porque na nossa sociedade cada vez menos há este fosso absurdo de capacidades e funções entre o homem e a mulher. Por outro lado, é assustador pensar que há mesmo quem considere que as mulheres casadas e mães de filhos têm de ser umas mal-humoradas que não conseguem rir-se do mais pequeno disparate e que perdem as estribeiras de cada vez que o marido deixa queimar o jantar.
Bem sei que estes são apenas cenários não idílicos e imaginários, mas é uma premissa patente em pelo menos estas quatro séries.
No final os casais são imensamente felizes e, à sua maneira, funcionam perfeitamente, mas se fosse eu a zangar-me com o mais pequeno detalhe, a nunca mostrar os dentes e a tratar o meu namorado como uma perfeita criança e ele a ser constantemente um pateta alegre, em permanentes esquemas para me mentir e que não chega, sequer, perto da cozinha, tenho sérias dúvidas de que o nosso final fosse igualmente feliz.

Tuesday, 1 May 2012

Dia do trabalhador


Não passei o feriado no Pingo doce, não andei ao estalo por um pacote de arroz, não trouxe para casa 100€ em compras por metade do preço, não demorei três horas a dividir as compras pela despensa, pelo frigorífico e pelo congelador, não acabei o feriado com dores nas costas nem nos pés nem com a cabeça em água, nem vou estar, daqui a um mês, a deitar comida fora porque deixei o prazo passar.
Mas passei à porta de um Pingo doce, quando ia fazer algo mais interessante do que compras, e vi-o cheio de gente e de carrinhos. À porta, na rua, mal se passava porque os carros estavam mal arrumados em terceira fila.
Não passei o feriado no Pingo doce e não sinto uma ponta de arrependimento.