É quase impossível pedir a alguém que já esteve em Paris para que não estabeleça comparações entre Paris e Londres. São ambas duas grandes capitais europeias, emblemáticas, românticas, cosmopolitas, cheias de vida e de ofertas a todos os níveis. Como é natural, embora tente não o fazer, o meu cérebro acaba, inevitavelmente, por pô-las lado a lado.
Uma grande diferença de Londres em relação a Paris é que, embora ambas as cidades sejam habitadas e frequentadas por um grande número de estrangeiros, aqui em Londres ouço muito menos falar inglês (com sotaque europeu) do que ouvi/ouço falar francês em Paris.
Paris, neste aspeto, peca pela hospitalidade, bem sei. Não me senti alvo de qualquer espécie de estigma, provavelmente por saber falar francês, mas aqui, para além da vantagem da internacionalidade da língua, os locais estão à espera de, a qualquer momento, contactar com um estrangeiro, facto que aceitam com naturalidade, segundo me tem parecido.
A existência de pubs aqui não é novidade para ninguém, é certo, pelo que se pressupõe que, tal como acontece em Paris com as happy hours no centro, as pessoas gostam de se reunir depois do trabalho e ao fim de semana para beber um copo. Uma vez mais, notei uma diferença brutal entre as duas cidades: se em Paris se viam praticamente só jovens (estudantes de Erasmus, sobretudo) bêbedos ao ponto de andar aos S, em Londres vê-se todo o tipo de gente, de todas as faixas etárias e sociais a cair de bêbeda às 17h de uma quinta-feira, por exemplo (algo que ainda me mete bastante confusão).
Suponho que não se limite a Paris/Londres, mas já tinha reparado e tenho reparado agora que a diferença, quer numa quer noutra, é tratada como se fosse banal. Quando fui à entrevista para o National Insurance Number, fui atendida por um rapaz de crista e piercing no nariz, enquanto na mesa ao lado estava uma senhora vestida com um fato de saia e casaco. Gosto disso, de haver uma multiplicidade de aspetos e personalidades e todas elas se cruzarem numa harmonia quotidiana.