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Tuesday, 20 May 2014

Sempre a fazer amigos / Connecting people

Ontem fui ao supermercado com o meu marido abastecer-me de coisas úteis para a casa, nomeadamente uma faca de cozinha e duas pinças pequenas para servir salada.
Na caixa, a mulher, com um ar de quem estava a fazer o maior frete no mundo, pegou nas pinças, observou-as o tempo necessário para decorar a Mona Lisa, rasgou um sorriso e comentou o quão giro e útil aquilo era. Entretanto, o homem metia as tralhas no saco e ela não olhava sequer para ele.
Passou a faca e perguntou-me a idade. Disse-lhe um número mais perto dos 30 do que dos 20.
- Tens a certeza?! É que pareces bem mais nova... Nem sequer parece que andas no secundário. Talvez na primária. Tinha de perguntar isto por causa da faca...
Lancei-lhe um obrigada pelo elogio, mas ela não captou o sarcasmo. Continuou a perguntar-me a minha vida toda, o que faço, de onde sou, que línguas falo... e ele a ensacar as compras.
A certa altura lá perguntou:
- E ele, é da mesma área de negócios que tu?
E ele, a ensacar, nem uma palavra, até porque a pergunta era para mim.
No final, ainda perguntou se tínhamos filhos.
Foi preciso chegar a Londres para ter uma funcionária da caixa do supermercado a preocupar-se tanto comigo, com medo de que fosse auto-esquartejar-me com uma faca de cozinha.

Monday, 19 May 2014

Primeiros momentos em Londres / First moments in London

Ao sair do comboio, no caminho para casa, o suporte das rodas de uma das nossas quatro malas desfez-se no meio da rua. Um típico gentleman que ia a passar por nós abrandou, olhou com um ar superior de infelicidade fingida e comentou:
- Que pena... É por isso que eu não saio do meu país, porque coisas destas acontecem.
Uns passos mais à frente voltou-se para trás e continuou:
- As pessoas não devem sair do sítio onde foram postas. Se não saíssem, estas coisas não aconteciam.
Seguiu viagem e nenhum de nós disse nada. Rimo-nos e lá arrastamos a mala da melhor maneira possível.
Tem sido uma aventura aterrorizante, esta de deixar tudo para me mudar, ainda que não seja para demasiado longe. Mas tenho pena de quem pensa assim. Se eu me tivesse ficado pelo que era mais fácil, nunca teria conhecido pessoas incríveis, nunca teria experimentado coisas fantásticas, nem teria vivido momentos inesquecíveis.