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In other words...

Saturday, 15 February 2014

Viveram felizes para sempre / They lived happily ever after



Cresci a ver os filmes da Disney em VHS na versão brasileira, a cantar as músicas todas e a assumir uma das personagens (normalmente a princesa, claro). O primeiro que vi foi a Bela e o Monstro e adorei todas as outras histórias dos Príncipes e das Princesas, muito mais do que de qualquer um com animais. Na vida e nos desenhos animados sou muito mais a favor dos seres humanos.
Hoje em dia, como qualquer aficionado da Disney que se preze, vejo Once Upon a Time, que só veio corroborar a minha opinião quanto à Branca de Neve: toda a história dela é aborrecida e não traz nada de novo. Com as restantes, a Princesa Cisne incluída (ainda que não pertença à mesma família), aprendi imenso sobre a vida e, sobretudo sobre o amor e a importância da amizade. Acho que, se refletirmos um bocadinho sobre cada uma das histórias, conseguimos compreender e solucionar situações que achávamos absolutamente irresolúveis.

A Pequena Sereia (o que eu adoro aquele cabelo enorme e vermelho) fez o favor de mostrar a responsabilidade que assumimos ao tomar uma decisão e que, de facto, a vida está cheia de decisões importantes. Algumas irreversíveis, outras não. O importante é tomá-las e vivê-las, assumi-las sem medo, acarretando todos os resultados que delas advém. E não vale a pena partirmos do princípio que as grandes decisões têm sempre um senão desagradável: afinal, ela perdeu a voz e deixou o mar para ficar com o Príncipe, mas a cena final mostra-nos a Ariel a falar, rodeada pelo mar, pelo pai e pelos irmãos.
Arriscar é, muitas vezes, uma atitude louvável.

A Bela e o Monstro contam-nos a velha história das aparências que iludem, das caras que não mostram os corações ou dos corações que não estão estampados na cara. A Bela e o Monstro contam, na verdade, uma história que atualmente é um fenómeno impossível de ignorar: cada vez mais as pessoas conhecem o âmago umas das outras antes de lhes conhecerem as caras. Isto porque com a proliferação das redes sociais é preciso saber distinguir a imagem transmitida pelas fotografias criteriosamente escolhidas para serem tornadas públicas da imagem real da pessoa. É essa a vantagem (ou desvantagem) das novas tecnologias: é mais fácil conseguir conhecer os outros sem nos deixarmos distrair pela sua beleza ou fealdade.

A Princesa Cisne é, para mim, a mais bela história alguma vez contada. Não é o Príncipe que é encantado, mas sim a Princesa, que espera por ele e acredita que ele vai encontrá-la. A Odete e o Derek, afastados pelos ciúmes de um louco, acreditam no amor que os une para "além da eternidade" e não se deixam embalar na cantiga de que a distância se encarrega de destruir tudo. Se o amor for realmente forte aguenta qualquer derrocada, até porque, como diz o outro, há "aviões, comboios e autocarros". Corre-se, se for preciso.
Uma vez mais, uma história aplicável aos dias de hoje (aos meus dias de hoje) e à realidade da emigração.
"A beleza é só o que importa para você?" é uma das frases mais memoráveis que a Odete lança iradamente ao Derek quando ele tenta fazer-lhe uma declaração de amor desajeitada. Os homens são, em grande parte, desajeitados para estas coisas e algumas mulheres ficam embevecidas pela cantiga da beleza. Eu sou como a Odete e o "és bonita" não me chega.

Do Aladino retiro a prova de que o dinheiro não traz felicidade, mas ajuda. Se há coisa que me incomoda é o preconceito que os pobres têm contra os ricos. Não é por os outros terem e eu não que vou guardar-lhes rancor, não é por os outros comprarem aquilo que eu quero que vou invejá-los, mas há muito quem se deixe dominar por esse complexo de inferioridade ao ponto de ficar estagnado, sem se permitir sonhar nem/ou avançar. O Aladino não se deixou intimidar e foi em frente na loucura de conquistar a Princesa. Conseguiu. E tem um tapete mágico (eu sonho com um).

A Bela Adormecida vem um bocado na onda da Princesa Cisne e da teoria de que o tempo não desgasta nem esvai o amor. Para além, disso, a Aurora, tal como eu, acredita que o Filipe lhe estava destinado e que se conheceram porque tinha de ser. Porque tinham sido feitos um para o outro. Eu gosto sempre de pensar que tudo acontece por alguma razão.

A Cinderela, à semelhança do Aladino, não se deixou subjugar pela sua condição económica inferior à daquele de quem gostava. A história da Cinderela (e a minha) fundamenta e é fundamentada pela tese de John Donne de que "ninguém é uma ilha por si mesmo", porque a existência de alguém na vida de cada um, que nos apoie, que esteja lá para amparar as quedas, seja um pai, um irmão, um amigo, um marido ou um padrinho, é de uma importância vital.

No geral, como é óbvio, cada uma destas histórias sustenta o poder incontestável do amor, quer seja aquele que une um homem e uma mulher (ou um homem e um homem ou uma mulher e uma mulher), quer seja o que une as amizades e as famílias.



I grew up watching Disney movies in VHS format in their brasilian version, singing every single song and assuming the role of one of the characters (usually, the princess, obviously). The first one I watched was Beauty and the Beast and I loved every other Princes and Princesses stories, much more than the animal's ones. In life as in cartoons, I always cheer for the human beings.
Nowadays, as any real Disney fan, I follow Once Upon a Time, which made my opinion on Snow White even stronger: her entire story is boring and doesn't add anything to anyone's life. With all the other ones (Swan Princess included) I learned a lot about life and, mostly, about love and the importance of friendship. I think that, if we give every single story a little thought, we can understand and resolve some situations we assumed to be absolutely hopeless.

The Little Mermaid (and how much I love that long red hair!) was kind enough to prove the responsibility we assume when we make one decision and that, in fact, life is full of important ones, some of which are irreversible and some of which aren't. The important part is to to make them and live them, assuming them with no fear, accepting all of their outcomes. And there is no point assuming that all big decisions allways have a negative counterpart: after all, she lost her voice and she abandoned the sea to be with her Prince, but the last scene shows us Ariel talking, surrounded by sea, her dad and her brothers and sisters.
Taking a risk is, sometimes, a very commandable attitude.

Beauty and the Beast tell us the old tale of the deceiving appearences, of the faces that don't reflect the heart, or the hearts that aren't reflected in the face. Beauty and the Beast actually tell a very current story, impossible to ignore nowadays: more and more people can really know someone's essence before knowing their faces. Due to the proliferation of social networks, it is important to be able to distinguish the image transmitted by the pictures carefully chosen to be made public from the real image of the person in question. That is the advantage (or disadvantage) of technology: it is easier to really know other people without being distracted by their beauty or ugliness.

In my opinion, Swan Princess is the most beautifull tale ever. It isn't the Prince who is the charmed one, but the Princess, who waits for him, always believing he will find her. Odette and Derek, teared apart by the jealousy of a mad man, belive in the love that brings them together "far longer than forever" and they don't buy the idea that the distance will be able to destroy it all. If love is really strong, it can go through anything, especially because, just like the song says, "they've got planes and trains and cars". We can run, if there is no other way. Once again, a tale appicable to nowadays living (to my nowadays living) and to emmigration.
"Is beauty all that matter to you?" is one of the most memorable questions furiously made by Odette to Derek, when he tried to clumsily confess his love for her. Men are mostly clumsy when it comes to this kind of sensitive things and some women just go for the idea of beauty. I am more like Odette and the sentences as "you are beautifull" just aren't enough.

In Aladdin I can find the evidence that money doesn't bring happiness, but it helps. One thing that really bothers me is the prejudice poor people have against rich people. Someone having more than me is not a good enough reason to make me hold a grudge against them, someone being able to buy something I crave won't make me envy them, but many people let themselves be held down by that inferiority complex, not allowing themselves to dream nor to evolve. Aladdin wasn't intimidated by that world and went forward with the crazy decision of conquer the Princess's heart. And he has a magic carpet (I dream about having one).

Sleeping Beauty follows the guidelines of Swan Princess, concerning the love that isn't destroyed by the passage of time. In addition, Aurora, just like me, believed Philip was meant for her and that they met because it was written in the stars. Because they were made for each other. I always like to believe that everything happens for a reason.

Cinderella, just like Aladdin, didn't let herself to be defeated by her economic condition lower than the one of the person she loved. Cinderella's (and mine) story corroborates and is corroborated by John Donne's thesis that "no man is an island, entire of itself", beacause having someone in our lives to support us and to catch us when we fall, it being a father, a brother, a friend, a husband or a god father, is extremely important.

Overall and stating the obvious, every single one of this tales testifies the undeniable power of love, whether it is the romantic one that unites a man and a woman (or a man and a man, or a woman and a woman), or the one that brings families and friends together.

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