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Sunday, 23 March 2014

Gosto de ti / I like you


A minha tia perdeu o pai, que era o meu avô, pouco depois de casar. Tanto quanto sei, no dia do casamento, ele disse-lhe algo como Já posso morrer em paz, já tenho todas as filhas casadas. Uns dias mais tarde, estava ela em lua de mel, um enfarte matou-o, deixou sete filhos, vários netos e uma mulher.
Eu era bebé, não tenho qualquer memória dele, nem sei sequer se nos daríamos bem. Ouço histórias, porque toda a gente fala do meu avô Vasco com admiração, todos gostam de o gabar, família ou não, e conheço-lhe, de certa forma, a personalidade e a mentalidade de alguém mais velho, fiel ao seu tempo.
No dia do pai, essa minha tia recomendou-me que estimasse o meu enquanto o tiver, que tem remorsos de não ter feito mais pelo dela.
Custa-me verbalizar o quanto gosto de alguém. Para dizer a verdade, custa-me a primeira vez em que o faço porque, a partir daí não paro. Gosto de dizer ou escrever gosto de ti / amo-te vezes sem conta, para ter a certeza de que a mensagem foi recebida. Gosto de distribuir beijos, abraços e mensagens de bom dia e boa noite. Gosto de prestar atenção e tentar ajudar quem puder, no que puder.
Talvez venha da minha mania de sofrer por antecipação e de prever que o bom vai acabar, mas tento viver ao máximo ao lado das minhas pessoas enquanto as tiver. Nem sempre lhes digo o quanto gosto delas, mas faço por estimá-las, como me pediu a minha tia, para que se/quando o bom acabar, não haja remorsos nem dúvidas de que gostei, mesmo que agora possa não gostar nem um bocadinho.


My aunt lost her father, my grandfather, shortly after she got married. As far as I was told, on her wedding day, he told her something like I can die in peace, now that all my daughters are married. A few days after, while she was on her honey moon, he was killed by a heart attack and left seven sons and daughters, some grandchildren and a wife behind.
I was just a baby, I have no memories of him and I don't even know if we would get along. I hear stories, because everyone talks proudly about my grandfather Vasco, everyone says good things about him, family or not, and, in a way, I know his personality and the mind of an older person, loyal to his generation.
On father's day, my aunt told me to cherish mine as far as I still have him, because she feels sorry for not having done more for hers.
It's hard for me to say in words how much I like someone. Actually, it's hard for me the first time I do it, because after that I never quit. I like saying or writting I like you / I love you all the time, to make sure that my message is well received. I like kissing and hugging and sending good morning and good night messages.I like paying attention and helping whomever I can, however I can.
Maybe it's a consequence of my pre-suffering all the time and of my way of being, that makes me think that everything that is good will end, but I try to spend as much time as I can with my people while I still have them. I don't always tell them that I love them, but I try to cherish them, as my aunt asked me, so if/when the good ends, there are no regrets nor doubts that I loved them, even if right now I don't like them not even a little bit.

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