Não gosto de viver sozinha. Vivi sozinha durante nove meses, numa residência rodeada por gente que fui conhecendo, de que gostei e que gostou de mim e, ainda assim, dava por mim acordada a altas horas da noite a pensar o que é que estou a fazer aqui sozinha, sem ninguém com quem conversar, sem as pessoas que me conhecem a sério? Estava a um bater à porta de distância.
Agora vi-me forçada a viver sozinha, a entrar e a sair de uma casa vazia, a dormir numa cama grande demais para mim, a ter de confiar inteiramente no meu despertador para acordar de manhã, a jantar sozinha pelo menos duas vezes por semana (tenho tido a sorte de ter companhia na maioria dos restantes dias), a fazer planos a contar só comigo.
A princípio não teve piada nenhuma, custou-me como nada me tinha custado antes. Todos os meus medos foram exacerbados, prestava atenção a cada barulhinho e achava que era o fim, evitava pensar nele a chegar a casa ao fim do dia ou a acordar-me de manhã com um despertador antes do tempo, para não desatar a chorar.
Entretanto as saudades sobrepuseram-se aos medos e passei, aos pouquinhos, a ser capaz de aproveitar os meus momentos a sós e os planos que não faria se ele aqui estivesse. Continuo a não gostar de viver sozinha, não fui feita para esta vida, porque, se por um lado algumas pessoas me cansam, por outro tenho necessidade de me rodear constantemente daquelas de quem gosto. No entanto, apercebi-me de que consigo fazer muito mais do que o que pensava, sobretudo no que diz respeito à condução. Nem sempre gostei de conduzir, mas desde que lhe apanhei o jeito (há dois ou três anos) que tenho um amor grande pelo volante, mas sou uma naba com caminhos e, por essa mesma razão, tenho tendência a stressar de cada vez que sei que vou ter de ir a um sítio novo.
Desde que ele foi embora e me deixou o carro à minha inteira disposição e responsabilidade, choveram-me em cima propostas para ir a mil e um sítios a que nunca tinha ido nem sozinha nem acompanhada. E fui. E dei-me conta de que deixei de stressar, de que se me perder (aconteceu uma vez, só) até consigo manter a calma e não desatar a ligar para todos os números de emergência e dar com o caminho de volta.
Só continuo naba naba a estacionar, mas com calma isto vai ao sítio.
I don't like living alone. I lived alone for nine months in a students' residence, surrounded by people I got to know and to like and that liked me, as well and, still, I found myself several times awake in the middle of the night, thinking what am I doing here, all by myself, with no one to talk to, away from those who really know me? I was one door knock away from them.
Now I am forced to live alone, to walk in and out of an empty home, to sleep on a bed that is too big for me, to rely on my own alarm to wake me up in the morning, to have dinner all alone at least twice a week (luckily, I have company for the other ones) and to make plans only for me.
At first it wasn't funny at all and it was hard like nothing had ever been before. All of my fears were increased and I used to pay attention to every single noise, thinking it was the end of it for me, I used to avoid thinking about him coming home in the evening or waking me up in the morning with his premature alarm, so I wouldn't start crying my eyes out.
In the meantime, missing him was stronger than any fear I used to have, so, gradually, I started being able to enjoy my alone moments, and the invitations I wouldn't accept if he was here. I still don't like living alone, this kind of life wasn't meant for me, because if on the one hand I get easily sick of some people, on the other hand I need to be surrounded by the ones I love all the time. However, I realized I am able to do much more than I thought I was, especially when it comes to driving. I wasn't always a fan, but since I started practicing (two or three years ago) I found out a connection between me and steering wheels, but I am terrible with directions, which makes me stress out when I have to drive to a place I have never been before.
Since he left and left me the car, I received many invitations to go to places I had never gone alone or with someone else. I went. And I realized that I stopped stressing out, that when I get lost (it only happened once) I can stay calm and find the way back.
I'm still terrible when it comes to parking, though. Baby steps...
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