Há alturas em que ninguém pensa em aviões, em que são vistos a passar lá no alto, a deixar riscos no céu e em que cá em baixo até se fazem competições para ver quem adivinha mais companhias, mas em que tudo corre bem e não se pensam nos acidentes.
E, para contrabalançar, há fases como a atual, em que anda tudo louco à procura de notícias sobre o avião desaparecido, o que puxa documentários e reportagens sobre acidentes antigos, e em que há mil e uma aterragens de emergência e motores que avariam e tudo o que mais se possa imaginar.
Ora, eu sou uma mariquinhas, que morre de medo de andar de avião, sobretudo sozinha. Acompanhada até nem faz muito mal: se formos os dois juntos e o avião cair, ao menos morremos juntos e eu vejo-o nos meus últimos momentos. Mas sozinha faz-me imaginar histórias mirabolantes e obriga-me a pensar no que vou perder se morrer cedo de mais, numa viagem de férias de quatro dias.
Por mim as viagens faziam-se todas a pé, por caminhos de algodão...