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In other words...

Sunday, 30 September 2012

Fidelidade


Não escondo de ninguém que sou uma fã do Ikea. Há quem se queixe dos puzzles que são os móveis ou da qualidade alegadamente duvidosa dos produtos, mas eu lavo o cabelo com champô e amaciador de lá, deito-me numa cama e num colchão de lá, pouso a cabeça em almofadas de lá, tapo-me com um edredon de lá, coberto por uma capa de edredon de lá e guardo a roupa numa cómoda de lá. Do teto da sala e do quarto pendem candeeiros de lá, iluminados por lâmpadas de lá. Nas duas salas tenho três pequenas mesas de lá e na sala mais pequena sento-me ou deito-me num sofá de lá. Tenho panos, toalhas, almofadas, mantas, pequenos eletrodomésticos e demais utensílios culinários de lá. Basicamente, se o Ikea fizesse vestidos de noiva, era lá que comprava o meu.
Ando há mais de um ano a procurar um bule que me encha as medidas. Como aqui em casa se bebe muito chá, sobretudo no outono/inverno, preciso de um recipiente que tenha uma capacidade minimamente grande para, pelo menos, duas canecas cheias. Procurei um decente em todo o lado até que ontem dei de caras com este. Leva um litro e meio de água, é feito de um material decente que tolera água a ferver, é esteticamente agradável e tem uma rede amovível no meio para pôr o chá quer em saquetas quer em pó.
Só tenho mesmo pena de não ter uma loja destas a dois passos de casa. Mas, vendo bem a coisa, talvez seja isso que me impede de me desgraçar.

Primeiros passos nisto do casamento (7) - alianças


Parte da tarde de hoje foi dedicada à procura de alianças. Já tínhamos falado nelas, já tínhamos visto e experimentado a dos casais casados à nossa volta, já sabíamos que queríamos as duas idênticas e o mais simples possível, mas faltava o concreto.
Serviu esta experiência para descobrir que desde a entrada de Portugal na CEE começaram a comercializar-se por cá várias qualidades de ouro. Se até então só produzíamos a melhor das melhores, que, se não me engano, é de 19 quilates, a concorrência europeia obrigou-nos a tratar de igualar as qualidades inferiores. O aspeto é absolutamente igual, só o valor se altera. Aconselharam-nos, portanto, a comprar as alianças no melhor ouro porque era melhor para vender.
Ora, quem compra uma aliança de casamento tendo em mente a ideia de a vender? Pelo contrário, eu quero as menos valiosas, porque aqui o que vale é o simbolismo que representam. Para além disso, se uma aliança de 200€ for roubada, mais rapidamente substituo por uma igual do que por uma de 700€.
Embora nada tenha ficado decidido, porque é preciso ter em conta o tipo de ouro (amarelo brilhante ou baço, amarelo rosado brilhante ou baço, branco brilhante ou baço), o tipo de anel (redondo, amendoado, quadrado) e a espessura (normalmente entre um e três ou quatro milímetros), já ficámos com uma imagem mais exata daquilo que queremos e dos valores que irão rondar.
Assim que voltarmos a ter vontade, embrenhar-nos-emos numa saga similar.

Friday, 28 September 2012

Abraços e caças ao tesouro

Continuamente têm vindo a elevar-se vozes de revolta contra os fait-divers consequentes da manifestação de há duas semanas atrás. Para começar, alguns nunca acreditaram que a miúda que abraçou o polícia tivesse querido fazer um gesto verdadeiramente altruísta e significativo, mas agora as opiniões inclinam-se para declarar a pés juntos que ela sempre teve como objetivo fazer produções fotográficas e dar entrevistas. Parva de miúda, que torna-se famosa e quer ser ainda mais famosa. É um bocado como aquele, o Passos Coelho, que a partir do momento em que subiu à cadeira de primeiro ministro aparece nas revistas e nas televisões quase todos os dias. Não se compreende.
Mais recentemente descobriu-se, à moda das novelas portuguesas, um não casal de gato e de rato que quer ser casal de gatinhos siameses apaixonados e portanto o macho anda por esses meios de comunicação fora a procurar a fêmea que vai emigrar não tarda muito. É uma história que, a ser verdade, me ultrapassa um bocado, especialmente porque depois de tanta visibilidade, ela já terá visto que o esforço dele é de louvar e, provavelmente, superou as expetativas dela. Mas das duas uma, ou a rapariga se mantém escondida até a  loucura da história afrouxar para não ter a cara escarrapachada nos jornais e facebooks deste mundo, ou nunca tencionou voltar a ver o pobre do rapaz à frente.
Enfim, o cerne da questão é que toda a gente fala, critica, esmiúça e analisa estes dois desenvolvimentos diariamente. Não me entendam mal: criticar é bom, obriga-nos a pensar e a formar uma opinião, embora não consiga acreditar em alguém que, aparentemente, tem uma opinião sobre tudo e mais alguma coisa. O problema aqui é que as críticas são todas destrutivas, que a miúda é uma sabidola e que planeou a tramóia toda, e que o outro miúdo é um pateta que com a idade que tem já devia ter juízo.
Pois digo-vos que, na minha opinião, a ruiva, para além de ter aquela filosofia meio hippie do amor e da liberdade, sabe que estamos em crise e que qualquer hipótese de qualquer coisa é de agarrar. Parva era ela se dissesse que não. Quanto ao príncipe da Cinderela desaparecida, toda a gente sabe que o amor nos faz cometer loucuras daquelas de olharmos para trás e, de cara corada, pensar como é que eu fiz uma coisa destas? Pode até não ser amor e ser mas é uma paixoneta passageira, mas alimentar esta fantasia não vai fazer cair o Carmo nem a Trindade e, ao menos, os telejornais põem de parte a crise nem que seja por breves minutos, para acompanhar a telenovela da realidade, que, para cúmulo, não é um desses reality-shows que conspurcam a minha televisão.
Portanto relaxemos e não nos queixemos de tudo e mais alguma coisa, que começa a ser deprimente.

Wednesday, 26 September 2012

O dia em que o prédio ardeu

Estava sentada no sofá a escrever e a pensar na minha vida quando comecei a sentir um leve cheiro a fumo que entrava por dentro de casa, vindo da zona da cozinha. Verifiquei que não tinha nada ligado em lado nenhum da casa e concluí que o fumo tinha de vir de fora, pelo que espreitei pela janela e, de facto, vi qualquer coisa que, pensando bem nisso, acho que era só nevoeiro. Como não seria a primeira vez que tal acontecia, fechei as janelas todas e desvalorizei o assunto.
Cerca de quinze minutos depois o cheiro tinha-se intensificado e parecia que alguém estava a fazer torradas na minha cozinha. Levantei-me e fui, mesmo, fazer torradas. Enquanto esperava por que a torradeira desse sinal, ouvi coisas a cair no chão de cima, o meu teto. Mas também não era uma coisa estranha na minha vizinha. No entanto, trouxe as torradas para a sala e comentei com o meu namorado no chat que a vizinha parecia estar a destruir a casa e que achava que o nosso teto ia ruir.
Ainda não sei como não somei 1+1...
Foi então que ouvi a campainha tocar e levei atrás de mim o prato com as torradas a que só tinha dado uma trinca. Sabem aquele hábito irritante que os carteiros e os distribuidores de publicidade têm, de tocar para todas as campainhas ao mesmo tempo? Foi isso que fizeram, por isso não consegui ver quem tocava. Normalmente encolheria os ombros e voltaria para o que estava a fazer, mas desta vez achei que alguma coisa não estava bem, facto que comprovei quando ouvi duas pessoas que trabalham no edifício que dá para as traseiras do meu e que deram conta do que se estava a passar a subirem as escadas e a baterem em todas as portas.
Há um incêndio no prédio, saiam já!
Tive tempo de pousar o prato das torradas, calçar-me, pegar no blusão que a minha mãe me tinha emprestado na véspera e de pôr a carteira ao ombro apenas com o porta moedas e o telemóvel quase sem bateria. Ainda pensei no que levar comigo, mas comecei a dar conta de que era tanta coisa, tanta roupa, tantas fotografias, que acabei por desligar, só, o computador.
Só quando desci é que vi que as janelas da lavandaria do andar por cima do meu tinham implodido e explodido e que a persiana estava toda derretida. Acho que foi isso que ouvi cair no chão.
Vieram dois ou três carros dos bombeiros e um carro cheio de polícias, chegou o INEM e ninguém sabia se a senhora (aquela velhinha um bocadinho senil de quem já aqui falei algures) estava lá dentro ou não, porque tinham pontapeado a porta, tocado à campainha e ligado para o telefone dela, mas ela não tinha respondido.
Achei que das duas uma: ou não estava lá porque tinha ido passear, ou estava lá dentro e já não havia nada a fazer.
Entretanto estava na rua, debaixo da chuva, a dizer ao meu namorado para ir ter comigo e que íamos ficar sem casa, porque aquilo ia tudo explodir. E sim, achei mesmo que ia ficar sem casa. Pensei que fosse desmaiar de tanto tremer, porque a sensação de ver aquilo a arder e de correr o risco de ficar sem casa e sem tudo o que tenho dentro de casa foi terrível. Olhei para o dedo e verifiquei que não me tinha esquecido do anel.
Os bombeiros lá conseguiram tirar a mulher que estava, incrivelmente, consciente e sem queimaduras e apagaram o fogo. Veio a PSP, veio a televisão, veio uma data de mirones.
Entrei em casa para ver se não tinha fumo nem inundação. Tudo ok.
Pediram-nos para entrarmos em casa da senhora porque, embora de forma muito afastada, é mais ou menos da família do meu namorado. Foi então que vi que tudo na cozinha, tirando os armários, tinha caído e/ou partido contra o chão/o meu teto. A casa estava desfeita, toda suja e não se via nada. Limpámos a água para não termos infiltrações, ficámos a cheirar a fumo e deitei-me cheia de medo de que houvesse um curto circuito lá em cima.
Decidi que neste fim de semana vamos comprar pelo menos quatro detetores de fumo. E passei a noite a ter pesadelos.

Era uma vez... em ponto pequeno

Como o processo criativo não dá tréguas, a partir de sexta-feira estarei em eraumavezempontopequeno.blogspot.com
Este domínio vai desaparecer (tentei manter os dois e transpor tudo para o novo, mas não consegui), por isso os que já me seguem podem lá chegar facilmente. Os outros ou decoram o novo endereço, me mandam e-mail (está ali no lado direito), ou me mandam às urtigas.

Tuesday, 25 September 2012

Perdidos e achados

E não é que o pobre do forro do bikini deu à costa, sujo e mal tratado, após uma data de tempo? Por coincidência foi ter à praia onde nunca ninguém costuma estar, mas onde toda a gente teve de estar naquele fim de semana a assistir ao campeonato.
Já andou a ser banhado em detergente da roupa e será, posteriormente, enviado à costureira na tentativa de salvar o dito do bikini. Vai ser uma operação complicada, mas eu acredito que tudo vai correr bem. É que não gosto mesmo nada de experimentar bikinis...

Sunday, 23 September 2012

Bem-vindo


Ontem vi-o chegar, perto da uma da manhã, empoleirada numa varanda sobre a Praça de Lisboa e com vista sobre a Torre dos Clérigos. Sabia que ele vinha, mas estava atrasado, sem pressas para chegar a um sítio onde as opiniões divergem: uns adoram-nos, outros odeiam-no, outros (poucos) ficam indiferentes à sua presença. Chegou, por fim, elegante e dourado, na companhia de chuva e de trovoada e prometeu ficar por cá durante algum tempo.
Eu pedi-lhe que nos trate bem, com serenidade, e que nos presenteie com dias calorosos e secos, para não ficarmos fartos dele logo no início. Ele não respondeu... Será imprevisível, como sempre.

Friday, 21 September 2012

Em ponto pequeno

Ando há alguns meses a pensar em dar uma reviravolta aqui ao blog. No início tinha tanta vontade de continuar a escrever que lhe dei o primeiro nome que me veio à cabeça, mas embora goste, de facto, de pains au chocolat, queria um título com que me identificasse e que fosse português.
Portanto, sem mais delongas, apresento-vos o Em ponto pequeno. Porque sou realmente uma pessoa em ponto pequeno.
E quando souber transpor tudo o que aqui tenho para o novo endereço (ajuda precisa-se), para lá iremos.

Thursday, 20 September 2012

Primeiros passos nisto do casamento (6) - a data


Há quatro anos e tal, quando eu e o meu amor começámos a dar beijinhos e a andar de mãos dadas, assumi que éramos namorados. Pois acontece que algum tempo depois ele me levou a passear pelas margens do rio da nossa cidade e, num recanto escuro (agora que penso nisso até pode ser um local bastante propenso a crimes, que ninguém passa por lá, não se vê nada e tem acesso direto às águas profundas), desceu um degrau para ficar da minha altura e perguntou-me se queria namorar com ele.
Derreti-me, disse que sim e cá estamos.
Ainda assim, celebramos o nosso aniversário de namoro no dia em que começámos a namorar e não no dia em que ele fez este gesto tão romântico (a verdade é que às vezes até nos esquecemos dele).
Quando começámos esta saga, eu queria casar em setembro, porque está quentinho e já deixei de parecer um fantasma transparente, mas não pode ser. Queria, então, o dia 9 de junho, porque embora seja um domingo, acaba por ser como um sábado, porque para o ano o dia seguinte vai ser feriado e assim celebrávamos o nosso aniversário de casamento sempre na véspera de um feriado. Também não pode ser.
Decidimo-nos, então, por um dia muito bonito, que até fica muito bem no papel, naquela quinta por que nos apaixonámos mal a vimos.
Pois então apercebi-me há pouco tempo de que vamos casar no dia em que fui pedida em namoro. Lá vou eu, precisamente cinco anos depois, voltar a dizer que sim.

Wednesday, 19 September 2012

Escrever com o coração


Desde que sou pequena, assim que aprendi a escrever, que tenho comigo um ou vários cadernos onde vou escrevendo o que me vem à cabeça. Às vezes isso origina um conto e outras vezes desenvolvo um pouco mais, mas neste segundo caso acabo sempre a meio, desisto porque a ideia deixa de parecer original e soa a algo demasiado banal para ter o potencial suficiente para ser terminado.
Neste verão, enquanto ia e vinha da casa de banho para a caravana sozinha e entregue aos meus pensamentos, decidi anotar por escrito tudo aquilo de que me lembrava e agora, menos de dois meses depois, tenho uma história de que gosto e que me apaixona.
Um dia, quem sabe, ainda saberão o meu verdadeiro nome.

Monday, 17 September 2012

Sei que sou uma ave rara...

... uma excluída da sociedade, mas ontem não só não vi a casa dos segredos como não sabia que isso ia voltar a dar.
E sabem que mais? Sinto-me tão mentalmente saudável!

Sunday, 16 September 2012

Reencontros


O meu amor deixou-me, durante uma semana, para se passear na nossa cidade sem mim. Vá, para ser justa, não foi só passear, que ele é uma pessoa importante e foi orador numa conferência de grandes dimensões, mas o cerne da questão é que me deixou cá a lamuriar-me de saudades e a temer as duas mini viagens de avião que o esperavam. Para me distrair e ajudar o tempo a passar mais rápido adiantei prendas de Natal em tricot, não fiz wake porque me magoei a fazer tricot, fui ao cinema, dormi até tarde e escrevi que me fartei. E não custou assim tanto.
Mas bom bom bom foi quando acordei na sexta-feira a meio da manhã e me arranjei para ir buscá-lo ao aeroporto. Pelo caminho ia aos gritinhos dentro do carro, como uma pita histérica, que se intensificaram quando vi o avião dele a sobrevoar-me, mesmo à chegada ao aeroporto.
E o melhor de tudo foi voltar a abraçá-lo, a beijá-lo e a sentir-lhe o perfume que tanta falta me fez.

Friday, 7 September 2012

Acidente de percurso


Se há uns tempos, ir de férias significava uma longa temporada de wakeboard, este ano foi o regresso de férias que trouxe o regresso à minha adorada prancha cor-de-rosa. Depois de três semanas a dedicar-me apenas a caminhadas e ténis, era extremamente aliciante voltar a fazer algo ainda mais emocionante.
E foi, claro, especialmente na minha última volta, já depois de ter pensado em sair (coisa que deveria ter feito), em que, tal como já tinha feito uma data de vezes antes, fui à box (isto é uma box). E não, não faço nada de especial: subo, deslizo e desço com um mini-saltinho.
A questão desta vez é que caí para a direita e para evitar bater lá com a cara, não sei como, consegui defender-me com o braço. Uma queda muito violenta que podia ter-me obrigado a deixar uns quantos dentes presos ao lodo deixou-me apenas um bocado de musgo nas unhas e uma surpresa enorme por não me doer absolutamente nada (vá, só um bocadinho o braço que tinha corrido o risco de se partir).
Isso pensava eu... Quando cheguei a casa e tirei o bikini, que ia protegido por um colete bastante acolchoado, descobri que estava rasgado e que lhe faltava o enchimento de um dos lados (aquela coisa almofadada que impede que não se veja tudo à transparência). Tinha-o comprado na primavera deste ano, ficava-me bem e era super giro. Juro que preferi ter ficado com o braço ao ombro.
A parte mais estranha disto tudo é que há cerca de duas semanas sonhei com uma queda precisamente assim. Ok, acabava um bocadinho pior, com tendões rasgados e tal, mas ainda assim, qual é a probabilidade?

Thursday, 6 September 2012

O meu perfume


Todas as manhãs, quando ele sai para o trabalho, eu agarro-me ao pescoço dele e encho-o de beijos como se ele fosse ausentar-se durante uma semana. Já ele está a puxar o corpo em direção ao elevador, ainda eu tenho mais um beijinho para dar.
A melhor parte desta sessão beijoqueira é que, mesmo depois de ele chegar ao trabalho, eu ainda sinto o cheiro do perfume dele, que ficou preso entre o meu nariz e o meu lábio superior, e de cada vez que inspiro (e faço-o muitas vezes por minuto, curiosamente), lá vem aquele aroma delicioso que me faz ter a sensação de que ele ainda está aqui ao lado.

Wednesday, 5 September 2012

Malas


Estes primeiros dias de setembro passam sempre a correr. Teoricamente ainda estou de férias, mas já me fartei e trabalhar, de ir aqui e ali tratar de assuntos pendentes e hoje vai tudo repetir-se.
O que continua com ar de férias é a minha mala que, como sempre, está tal e qual como quando a pousei no chão do quarto. Tirando algumas peças de roupa interior e a bolsa da bijuteria, está lá dentro um mar de roupa (só a lavada, que o resto já foi para a máquina) que me vai dar algum trabalho e roubar bastante tempo a arrumar.
Acho que só quando vim de Londres é que arrumei a mala no próprio dia. Por norma, deixo-a enrijecer algum tempo, só para me ir oferecendo um cheirinho do que resta das férias.
Não sou desarrumada nem preguiçosa: só saudosista.

Monday, 3 September 2012

Ir e voltar


Desde que regressei já passei sobre o Douro, já revi alguns amigos, já dormi na minha caminha que tanta falta me fez, já tomei banho na minha casa de banho privada, já meti louça na máquina em vez de ter de lavá-la à mão, já vi alguns episódios em atraso, já fui às compras e já cozinhei um jantar.
Sabe bem ir de férias, mas sabe muito bem voltar a casa.

Eu disse que voltava

Se no ano passado passei um mês a cirandar por entre cidades e desertos norte-americanos, este ano (a crise, o casamento... vocês sabem) decidi passar três semanas intensivas a estudar Espanha: Cáceres, Sevilha, Córdova, Jávea, Valência, Madrid e Toledo. Eu já era uma apaixonada acérrima da nossa pequena península, pelo que a ideia me pareceu encantadora, para além de que havia algumas cidades, como Sevilha, que nunca tivera o prazer de visitar.
Entrada de Cáceres
Entrei e saí de museus, mesquitas, catedrais, alcázares e igrejas, atravessei pontes, perdi-me por ruelas não assinaladas no mapa, descansei em cafés pitorescos e torrei dez dias ao sol em frente a um mar límpido (tirando no dia em que uma criança porcalhota decidiu que a água salgada pública era o sítio ideal para defecar) e constatei com toda a certeza o que concluíra no ano passado: não desfazendo a beleza de algumas das paisagens americanas, as cidades europeias dão quinze a zero às deles. Sem ser preciso avaliar muito.
A cereja no topo do bolo foi que andava há anos a querer ir a Sevilha. Não havia grandes razões para isso: simplesmente queria, tal como ainda quero ir a Florença e a Génova e tal como quis ir a Copenhaga. Talvez o som dos nomes ajude, aliado à ideia que faço dessas cidades pelo que fui vendo em fotografias. A verdade é que toda a gente me dizia que não valia a pena, que Sevilha era uma cidade horrível, sem piada. Barcelona é muito mais giro.

Alcázar de Sevilla

Sevilla

Pois, claro. A seguir a Paris, nunca estive numa cidade tão bonita, tão encantadora, tão perfeitamente construída para todos os gostos. Os edifícios estão numa harmonia exata com as ruas, as praças enormes e com jardins conferem um ambiente romântico à cidade e embora o calor fosse um tudo-nada excessivo, tenho a certeza de que podia viver ali sem qualquer dificuldade.
E sabem que mais? Se pudesse escolher um outro país vizinho, escolhia os espanhóis.
Adiós, Sevilla