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In other words...

Tuesday 15 July 2014

Suicídio

Não entendo o suicídio. Não percebo o que leva alguém a dar por esgotadas as opções e pôr um fim definitivo a tudo, para passar a ser nada, uma memória, uma vaga lembrança de quem por cá passou.
Há uns anos tive um colega que, com vinte e cinco anos, se viu perante um desgosto amoroso incontornável e premiu o gatilho contra a cabeça, na mesma casa em que dormiam o irmão e a mãe. Desde esse momento, ele deixou de existir, deixou uma vida no início por viver, uma família destroçada, uma ex-namorada culpada e, sobretudo, deixou que a potencial felicidade fosse derrotada pela infelicidade momentânea.
Tantos desfechos que aquela história podia ter tido...
Sei que não sou modelo para ninguém, mas já dei por mim em encruzilhadas irresolúveis, já soube o que é amar e isso não chegar, já me senti sozinha no mundo, já passei dias com um nó na garganta e um vazio no estômago tão grandes que cheguei a pensar "deve ser em momentos assim que as pessoas se suicidam". E nem assim isso me pareceu uma solução viável, até porque pouco tempo depois há fins de dia como o meu de hoje, em que uma conversa, uma perspetiva de futuro, a curto ou a longo prazo, uma ideia, uma sensação familiar, um conforto de alguém de quem se gosta se unem para abrir um novo caminho. Ou até o mesmo de antes, mas com um novo olhar. Um olhar sem sangue, sem fim.

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