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Saturday, 5 July 2014

Momentos

Há momentos em que o turbilhão da vida acalma, a poeira assenta, o público afasta-se, e damos por nós em cima do palco a olhar à volta, a admirar o espetáculo que acabou e a analisar o que ficou. Vamos, voltamos. Damos a volta. Paramos. Arrancamos. Estagnamos e aceitamos o que temos, ou arregaçamos as mangas para lutar e recuperar uma parte que nos falta. A maior parte da vida que ainda nos falta viver, a passos dos trinta; no início, praticamente, da idade adulta.
Assim que o coração acalma e que a cabeça para de doer de tanta emoção e comoção, damos as mãos a quem no-las estende, agarramo-las com força para não cairmos e recomeçamos a andar, um passo lento a seguir ao outro, ainda com um rumo muito indefinido, porque, como diz o povo, nem sempre o que nos parece é. Devagarinho, já sem pedirmos demasiado, os sorrisos começam a ultrapassar as lágrimas, as noites mal dormidas acalmam e trazem mais horas de sonhos, acordar já não custa tanto e adormecer já começa, de vez em quando, a parecer um desperdício de tempo.
Perspetivar o futuro, ainda que temeroso, já não é só um trabalho assustador, mas sim um exercício talvez um pouco entusiasmante, desde que, olhando para o lado, encontremos as nossas Pessoas. Podem estar a dez passos de distância, podem ter-nos soltado a mão para que sejamos nós a decidir-nos por nós mesmos, mas se lhes pedirmos e eles voltarem nesse instante, a vida vale a pena.

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