Conheço Portugal de norte a sul muito por alto. Vou conhecendo algumas cidadezinhas de cada região, umas melhor do que outras, mas não sou uma conhecedora profunda do meu país, até porque acabo por repetir as cidades de que mais gosto e onde tenho as minhas pessoas.
A meio de um ano cansativo, desgastante e polvilhado de incertezas, surgiu o nome Marvão para passar três dias a não fazer nada mais do que ver televisão no quarto, tomar o pequeno-almoço na cama, apanhar sol, pastelar nas horas e tomar banho antes mesmo de ir para a cama.
O hotel El-rei Dom Manuel não me pareceu, à primeira vista, o sítio ideal para isso. Pareceu-me demasiado rústico e não tão acolhedor como, na verdade, é, mas enganou-me bem. Ganhou pontos pelas gomas de pêssego em forma de coração à minha espera em ambas as noites, pela garrafa de água e pela fruta repostas, e pela simpatia das pessoas que, tanto quanto percebi, é uma condição essencial de quem vive por ali.
Surpreendi-me por ter aguentado tanto tempo sem fazer absolutamente nada de útil (devia estar mesmo esgotada) e descobri que, no fundo no fundo, até sou capaz de passar algumas horas seguidas deitadinha ao sol, numa tentativa desesperada de ganhar alguma cor que não a dos fantasmas.
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