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In other words...

Wednesday, 30 July 2014

Vai correr bem / It will be ok



De repente, num serão a meio da semana entre amigos e desconhecidos, saltitando no presente com o passado, faz-se uma luz que clarifica as ideias e mostra um caminho que funciona.
É possível. Pode correr bem.
Vai correr bem.

Tuesday, 29 July 2014

Mudanças / Inner changes

Sempre fui uma pessoa desorganizada e desarrumada. Tudo o que houvesse para ser deixado fora do lugar, ficava fora do lugar enquanto não houvesse chatice, berros e castigos, era-o. Devia ter aprendido, mas cresci, arranjei a minha própria casa e comigo levei manias antigas de tirar a roupa e deixá-la a acumular num canto do quarto, aumentar o monte de carteiras e de sapatos no hall à medida que as semanas passavam, esquecer-me de pôr/tirar a louça da máquina, pousar papéis em cima de tudo o que fossem superfícies livres para arrumar mais tarde e por aí fora.
De vez em quando tinha acessos de arrumação e durante uma semana ou duas andava extremamente controlada nesse departamento, mas rapidamente voltava aos meus hábitos inatos e estava o caos instalado.
Entretanto fui para Londres viver num quarto pequeno onde mal havia espaço para duas pessoas, logo, o espaço para a desarrumação era bastante ínfimo. E entretanto voltei e desde então (já se passaram mais do que duas semanas!) continuo a surpreender-me com a minha própria organização: não há roupa atirada a passar a noite a um canto, os sapatos vão para o sítio no dia seguinte, depois de arejarem umas horas, a louça está sempre no sítio, a roupa lavada não acumula no cesto, os papéis não andam espalhados e perdidos pelos cantos, as contas são pagas no próprio dia em que chegam...
Andei mais de um quarto de século a tentar chegar até este grau de maturidade organizacional. Bastou uma mudança de ares, uma necessidade de ficar bem comigo mesma, e alcancei-o.
Permito-me dizer que estou deveras orgulhosa de mim mesma. Espero não me desiludir.

Monday, 28 July 2014

Psicologia / Psychology

Uma coisa estranha é sermos nós, vivermos na nossa pele, estarmos 100% do tempo connosco mesmos (mais do que qualquer outra pessoa) e, ainda assim, não nos conhecermos por inteiro, haver coisas que sentimos, físicas ou emocionais, que não conseguimos compreender nem sabemos de onde vêm.


It is very weird being ourselves, living in our own shoes, being with ourselves 100% of the time (more than any other person in the world) and, still, not knowing ourselves completely, because there are some stuff we feel - physically or emotionally - that we cannot understand nor know where they come from.

Thursday, 24 July 2014

Acordar / Waking up

Uma das coisas boas da vida é que é feita de recomeços que podem ser marcados por mudanças radicais e significativas, ou por várias pequenas alterações. Tudo começa pelo estado de espírito.
Acordei hoje com uma sensação de vida que não tinha há já algum tempo, o que é estranho tendo em conta o dia de não verão que me acolheu. Vários projetos pensados, alguns planos semi-delineados (apenas o suficiente para me entusiasmar sem elevar as expectativas a um expoente absurdo) e uma vontade, mais forte do que nunca, de dar um passo em direção ao outro caminho que, de alguma maneira e sem ter propriamente a noção disso, fui abandonando nos últimos meses.
Hoje acordei...



Wednesday, 23 July 2014

Foi assim que me vesti (14) / How I met my day (14)

Ah, as cores do verão...



Ah, the summer colours...

Porto


Tenho a mania de que não gosto de Francesinhas (na verdade só não gosto das carnes estranhas e picantes que metem lá para o meio), não como cachorros quentes pela mesma razão e não sou muito corajosa na parte de entrar no mar. Cada vez gosto mais do que há para sul do Porto e já vivi em duas cidades europeias onde as pessoas são muito mais desinibidas no que diz respeito a abordarem desconhecidos na rua só porque sim, para meter conversa.
Já achei que no Porto não havia nada para fazer, que já conhecia tudo o que por cá há e que precisava de mudar de ares.
Na verdade, o Porto é uma das cidades mais maravilhosas por onde já passeei e, se me der ao trabalho de sair das habituais zonas de conforto, abro os olhos para coisas novas, constantemente.

Tuesday, 22 July 2014

Estar em casa / Being at home

Peguei no carro, abri as janelas, pus algumas das músicas de que mais gosto a dar e conduzi pela marginal desde Massarelos até Matosinhos, sem objetivo nenhum, apenas o de ver o rio, o mar e o nevoeiro. E concluí, uma vez mais, que o mundo lá fora pode ter coisas maravilhosas, pode ter edifícios emblemáticos, línguas encantadoras e pessoas incríveis, mas é da beleza do Porto de que mais gosto e é com ela que me sinto em casa.



I entered my car, opened the windows, played some of my favourite songs on the radio and drove along the marginal way from Massarelos to Matosinhos, with no destination, only wanting to see the river, the sea and the fog. And, once more, I concluded that the world out there can have wonderfull things to see, can have fantastic buldings, charming languages and awesome people, but Porto's beauty is the one I like the most and  only when I am surrounded by it, I feel I am at home.

Monday, 21 July 2014

Auto-retrato / Self-portrait (18)

É exatamente isto.

Imagem daqui / Picture from here

That's definitely me.

É verdade (4)


Quem usa protetor solar fator 50 queima-se mais do que quem usa um protetor mais fraco.
E isto tem uma explicação comprovada ano após ano: como é exaustante aplicar creme em todo o corpo, numa atitude responsável anti-cancro, passar o dia a derreter debaixo da torreira do sol e, no final, não ficar nem com uma tonalidade dourada, no dia seguinte decide-se que não se põe nem uma gotinha de creme, para que a exaustão não seja em vão. Quando se dá conta, está-se com uma tonalidade bem vermelha, o corpo dói e ainda demora até o queimado dar lugar a um bronze bonito.
Malditas peles sensíveis...

Marvão

Conheço Portugal de norte a sul muito por alto. Vou conhecendo algumas cidadezinhas de cada região, umas melhor do que outras, mas não sou uma conhecedora profunda do meu país, até porque acabo por repetir as cidades de que mais gosto e onde tenho as minhas pessoas.
A meio de um ano cansativo, desgastante e polvilhado de incertezas, surgiu o nome Marvão para passar três dias a não fazer nada mais do que ver televisão no quarto, tomar o pequeno-almoço na cama, apanhar sol, pastelar nas horas e tomar banho antes mesmo de ir para a cama.
O hotel El-rei Dom Manuel não me pareceu, à primeira vista, o sítio ideal para isso. Pareceu-me demasiado rústico e não tão acolhedor como, na verdade, é, mas enganou-me bem. Ganhou pontos pelas gomas de pêssego em forma de coração à minha espera em ambas as noites, pela garrafa de água e pela fruta repostas, e pela simpatia das pessoas que, tanto quanto percebi, é uma condição essencial de quem vive por ali.
Surpreendi-me por ter aguentado tanto tempo sem fazer absolutamente nada de útil (devia estar mesmo esgotada) e descobri que, no fundo no fundo, até sou capaz de passar algumas horas seguidas deitadinha ao sol, numa tentativa desesperada de ganhar alguma cor que não a dos fantasmas.

Saturday, 19 July 2014

Baby in a corner

Ser a mais nova do grupo é uma tendência natural minha desde há já muito tempo. Só não sou a mais nova do grupo em casa, porque tenho três irmãos abaixo de mim, de resto, no trabalho, entre amigos, etc., sou sempre a pequenina. Isto é uma coisa que pode ter piada, até porque a maioria das pessoas que me rodeia, por já ter, obrigatoriamente, vivido mais, tem sempre mais para me ensinar, tem opiniões mais maduras, mais vividas, mais credíveis. 
No entanto, há uma também tendência natural para, mais tarde ou mais cedo, chegarmos ao ponto da condescendência. Seja porque me rio, seja porque tenho uma opinião, seja por causa das pessoas de quem gosto e das pessoas de quem não gosto, seja por causa dos meus projetos a curto e a longo prazo, há apenas duas pessoas do meu mundo que ainda não me atiraram com um isso é porque és muito nova, ou um vais ver que quando chegares à minha idade/quando passares por X pensas de maneira diferente.
A piorzinha de todas, aquela que mais tenho ouvido ultimamente, ronda o ainda tens muito para viver. E eu, que vejo os 30 ao virar da esquina, que vejo os meus planos a serem constantemente alterados; eu, que tenho pressa em tudo, penso, às vezes, que devia ter nascido dez anos mais cedo e que talvez assim já pudesse ter um bocadinho mais de pressa, já pudesse rir, criticar, opinar, gostar e desgostar sem as palmadinhas paternalistas e os encolheres de ombro.

Tuesday, 15 July 2014

Suicídio

Não entendo o suicídio. Não percebo o que leva alguém a dar por esgotadas as opções e pôr um fim definitivo a tudo, para passar a ser nada, uma memória, uma vaga lembrança de quem por cá passou.
Há uns anos tive um colega que, com vinte e cinco anos, se viu perante um desgosto amoroso incontornável e premiu o gatilho contra a cabeça, na mesma casa em que dormiam o irmão e a mãe. Desde esse momento, ele deixou de existir, deixou uma vida no início por viver, uma família destroçada, uma ex-namorada culpada e, sobretudo, deixou que a potencial felicidade fosse derrotada pela infelicidade momentânea.
Tantos desfechos que aquela história podia ter tido...
Sei que não sou modelo para ninguém, mas já dei por mim em encruzilhadas irresolúveis, já soube o que é amar e isso não chegar, já me senti sozinha no mundo, já passei dias com um nó na garganta e um vazio no estômago tão grandes que cheguei a pensar "deve ser em momentos assim que as pessoas se suicidam". E nem assim isso me pareceu uma solução viável, até porque pouco tempo depois há fins de dia como o meu de hoje, em que uma conversa, uma perspetiva de futuro, a curto ou a longo prazo, uma ideia, uma sensação familiar, um conforto de alguém de quem se gosta se unem para abrir um novo caminho. Ou até o mesmo de antes, mas com um novo olhar. Um olhar sem sangue, sem fim.

Tuesday, 8 July 2014

Auto-retrato (16)


No meu congelador há apenas duas caixas de Magnum de Menta. Nada mais.

Saturday, 5 July 2014

Momentos

Há momentos em que o turbilhão da vida acalma, a poeira assenta, o público afasta-se, e damos por nós em cima do palco a olhar à volta, a admirar o espetáculo que acabou e a analisar o que ficou. Vamos, voltamos. Damos a volta. Paramos. Arrancamos. Estagnamos e aceitamos o que temos, ou arregaçamos as mangas para lutar e recuperar uma parte que nos falta. A maior parte da vida que ainda nos falta viver, a passos dos trinta; no início, praticamente, da idade adulta.
Assim que o coração acalma e que a cabeça para de doer de tanta emoção e comoção, damos as mãos a quem no-las estende, agarramo-las com força para não cairmos e recomeçamos a andar, um passo lento a seguir ao outro, ainda com um rumo muito indefinido, porque, como diz o povo, nem sempre o que nos parece é. Devagarinho, já sem pedirmos demasiado, os sorrisos começam a ultrapassar as lágrimas, as noites mal dormidas acalmam e trazem mais horas de sonhos, acordar já não custa tanto e adormecer já começa, de vez em quando, a parecer um desperdício de tempo.
Perspetivar o futuro, ainda que temeroso, já não é só um trabalho assustador, mas sim um exercício talvez um pouco entusiasmante, desde que, olhando para o lado, encontremos as nossas Pessoas. Podem estar a dez passos de distância, podem ter-nos soltado a mão para que sejamos nós a decidir-nos por nós mesmos, mas se lhes pedirmos e eles voltarem nesse instante, a vida vale a pena.