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Monday 29 April 2013

ASMR

Acabei de descobrir que ser um caso de estudo raro pode ser uma coisa muito boa. Ou, pelo menos, por uma razão muito agradável.
Desde que era pequenina que os sons mais normais do mundo me deixavam entorpecida: varrer, usar água, mexer em papéis ou em plástico, escrever mensagens num telemóvel de teclas físicas, arrumar talheres, lavar a louça, às vezes mesmo caminhar com chinelos de plástico. Enfim, uma enormidade de barulhos banais ou mesmo de estímulos visuais associados a esses sons, em qualquer situação, originam um formigueiro que começa na zona da cabeça e vai descendo até às pernas, deixando um abraço forte e caloroso na zona do tronco. Sinto-me a cair num vazio muito macio, muito confortável e se não despertar logo adormeço.
O mais incrível é que achei sempre que toda a gente sentia isto, especialmente quando abria, num transporte público, uma embalagem de qualquer coisa, provocando um desses sons de que tanto gosto (quando sou eu a fazê-los não é assim tão espetacular) para as pessoas à minha volta.
Como é um torpor tão intenso, tão viciante, quando era criança tinha medo de estar a ficar vermelha na cara e que os outros se apercebessem.
Mas ontem descobri que isso tem um nome (ASMR - Autonomous sensory meridian response) e que é um fenómeno interessante mas difícil de estudar porque apenas uma em cada mil pessoas o sente. Fiquei pasmada, porque achei mesmo (e continuo a ter algumas dificuldades em deixar de achar) que toda a gente o sentia.
Por isso digam-me: há por aqui mais alguém que tenha o prazer de experienciar isto?

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