Estava na altura de deixar de ser uma piegas e de ficar de lágrimas nos olhos de cada vez que ele vai para fora. Nem são assim tantas, uma ou duas vezes por ano, no máximo durante uma semana, mas custa-me chegar a casa e não o ter lá, adormecer e acordar sozinha, não partilhar o jantar com ele, não vermos uma série ou ouvirmos as mixórdias passadas juntos. Quando falamos ao telefone deixo sempre escapar uma lagriminha (e isto é um eufemismo) e sinto tremendamente a falta dos beijos dele.
Também já era tempo de parar de ser uma medricas que começa a tremer só de pensar num avião. Era compreensível se fosse eu a embarcar, mas não: penso nele a embarcar sem mim e em como o avião pode cair sem eu estar com ele, sem que tenhamos tempo de nos despedirmos, de darmos um último beijo nem de fazermos uma derradeira jura de amor.
Mas não consigo, e por isso passei estas duas semanas que passaram com o estômago contraído e extremamente sensível, porque esta madrugada vou deixá-lo no aeroporto e só volto a vê-lo uma semana mais tarde. Durante a interminável viagem vou ficar com os nervos no máximo, vou fazer de tudo para tentar não pensar nisso, mas já sei que não vou conseguir. E vou ter de passar uma semana, de sábado a sábado, a tentar recordar-me da cara dele, do cheiro dele, da voz dele, das mãos dele a pegar nas minhas, dos beijos dele na minha testa.
E como ele já esgotou o número de ausências permitidas durante um ano, espero que tão cedo não pense em descolar-se de mim, porque não aguento tanta ansiedade.
Se não tivesse o compromisso do trabalho, era bem capaz de levar um carregamento de livros comigo e passar estes próximos dias enfiada no aeroporto, porque fico sempre com o pensamento toldado.
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