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In other words...

Monday 7 January 2013

Amigos virtuais


Tirando o meu melhor amigo, que conheci praticamente quando ainda usava fraldas, demorei cerca de vinte anos até encontrar amigos a sério, daqueles que ficam para a vida, que são padrinhos no nosso casamento e que serão, eventualmente, padrinhos dos nossos filhos. Agora somos um grupo de oito. Metade está cá, a outra metade está fora. Como é normal, não nos damos todos iguais e tenho mais afinidades com alguns do que com outros mas, ainda assim, somos uma família.
No entanto, como disse, nem sempre foi assim, como é bastante normal. Em adolescente oscilava entre muitos e poucos amigos com uma rapidez estonteante porque dávamos todos muito menos valor a tudo. Penso que ainda não sabia qual era suposto ser o valor da amizade, por isso tudo era mais superficial, mais na onda de colegas de escola e a coisa ficava por aí. Claro que, quando alguém mudava de escola ou quando o secundário acabou, a maioria das relações ficou quebrada.
Para além disso, a aparição do messenger trouxe às amizades uma nova dimensão: surgiram as conversas espontâneas entre gente que nem reconhecia a cara do outro quando se cruzavam e desenvolveram-se amizades que não passaram para a vida real porque não ficava bem. E eu era uma dessas pessoas que passavam horas na net a conversar com alguém que conhecia ligeiramente de se sentar ao fundo da sala ou a tentar abrir os olhos ao objeto da minha paixão e respondia com interesse quando alguém da turma do lado metia conversa.
Agora o messenger foi substituído pelo chat do facebook que usava para combinar trabalhos e que uso regularmente para conversas práticas com os meus amigos (aqueles mencionados lá em cima) ou com pessoas próximas de mim, daquelas com quem também falo frequentemente no dia-a-dia. O contacto virtual não ultrapassou o contacto real e, aperecebi-me ontem, que é por não ter paciência para isso, muito menos para voltar ao antigamente em que respondo com interesse àquela pessoa que não me diz absolutamente nada ou que me diz pouco.
Conversas a sério temos cara a cara com quem é importante para nós. Para os outros que me perguntam "olá, tudo bem? XD que tal a vidinha? lololol" as respostas são curtas. E se vejo que a intenção é continuar num debitar de informação sobre os pensamentos profundos, as relações amorosas e o quisto no tornozelo, arranjo uma desculpa e fecho a janela da conversa.
O chato é que há quem não entenda a dica e, mais tarde ou mais cedo, volte sempre à carga.

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