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In other words...

Wednesday, 30 January 2013

Sotôr!

Há uns tempos, aqui na minha zona, havia um pedinte que praguejava incessantemente algo como: por amor de Deus, mas ninguém me pode dar uma ajuda? Não era um praguejar baixinho, saído do desespero e da tristeza, mas uma súplica rude para todos aqueles que também têm a sua vida para ganhar, como se todos tivéssemos obrigação de lhe dar uns trocos, apenas porque nos cruzávamos com ele no caminho para o metro.
Ontem descobri um pedinte erudito que anda com um blazer vestido e que, tanto quanto vi, aborda apenas pessoas de cabelo grisalho/branco, tratando-as por sotôr ou sotôra, provavelmente numa tentativa de lhes transmitir alguma confiança, enquanto as persegue durante cem metros, mesmo depois de elas repetirem que não têm nada para dar.
Mas achei piada e fiquei intrigada com o local onde, eventualmente, o homem terá desencantado tamanha peça de vestuário.

Monday, 28 January 2013

Cozinha e mesa

Para o jantar (e única refeição) de ontem, decidi cozinhar algo que já andava a imaginar há algum tempo. Por isso meti-me no carro rumo ao Continente (sim, sou mais amiga do Sr. Sonae do que de qualquer um dos outros), comprei queijo e massa de pizza e liguei o forno mal cheguei a casa.
Estendi um círculo de massa no tabuleiro do forno (com a própria folha de papel vegetal por baixo) depois de ligeiramente estendida à mão, espetei-lhe o garfo algumas vezes, deitei-lhe um pacote de 200g de queijo mozzarela, embora ache que fique melhor com um queijo mais forte, tipo emmental, e reguei tudo com azeite e orégãos.
Cobri com nova camada de massa que também piquei com o garfo e pincelei-a com azeite e orégãos. Acho que o truque para que fique mais saboroso é a quantidade de azeite.


  
Foi ao forno durante cerca de 25 minutos a 150º e ficou uma enorme focaccia bem estaladiça, que ainda hoje, fria, sabe bem.


Sunday, 27 January 2013

Viver o Porto (4)

Rua da Galeria de Paris (dia)
Na Baixa do Porto vai havendo cada vez mais bares constituídos pela zona do bar propriamente dito, e uma outra zona, mais resguardada, dedicada a música e dança, tipo discoteca. Embora sejam espaços relativamente pequenos e onde se pode fumar, são uma ótima opção para gente como eu, cuja ideia de diversão não é andar pela rua dos Clérigos para cima e para baixo com um copo na mão, à espera de encontrar gente conhecida para que a noite valha a pena.
Ontem dividimo-nos entre o Gin Club e o Rádio, numa noite que evocou os tempos idos no Tomate, há dez anos atrás, com um copo de vodka limão que durava a noite toda e um grupo pequeno de gente que se mantinha o mesmo até os pais ou os táxis chegarem.
Músicas dos anos 70, 80 e 90, lasers, uma bola de espelhos, videoclips e boa disposição, mesmo que o caminho de regresso tenha sido feito a pé, debaixo de uma chuvinha irritante, foram os ingredientes para o sucesso.
The Gin Club

Radio Bar

Saturday, 26 January 2013

Primeiros passos nisto do casamento 13 - o Dj


Há muito, muito tempo atrás, quando nos decidimos pela quinta, pedimos contactos de Dj's adequados para festas de casamento, porque é um mundo com o qual não estamos minimamente familiarizados. Como achámos que ainda era muito cedo, não valia a pena ligar para ninguém a marcar nada e podíamos ir vendo se aparecia alguma coisa mais interessante, um conceito inovador.
Fui a uma exponoivos onde fui bombardeada com folhetos, convites e panfletos para concursos de uma imensa variedade de empresas de animação. O problema reside precisamente aqui: as empresas são, quase todas, de animação e é raríssimo encontrar apenas um Dj com um sistema de som, que não pretenda impingir-nos karaoke, canhão de confettis, mimos com andas, dançarinos nem fogo de artifício. Para além disso, em todas as mostras que vimos, as luzes eram psicadélicas e a música incidia, sobretudo, na brasileirada típica de carrinhos de choque.
Andávamos com medo, portanto.
Até que durante esta semana decidi ligar para o contacto que tinha guardado desde os primórdios destas andanças, depois de ter visto o trabalho dele num showroom há duas semanas. Ontem encontrámo-nos com ele e ficámos contentíssimos ao ver que os gostos dele e os nossos são bastante coincidentes, agradou-nos mesmo muito que ele sugerisse as opções mais simples e mais baratas, em vez de se pôr a discursar que não senhora, os packs mais elaborados é que ficam bem e que um casamento sem robôs de luzes não funciona. Disse exatamente aquilo que eu queria que ele dissesse, aquilo que me deixou descansada por entregar a um estranho uma componente tão importante do casamento: a música.
E é mais um check que podemos fazer na lista. Mas também mais uma reunião que temos de marcar no próximo mês.
Olho para a minha agenda e começo a sentir-me uma empresária importante, cheia de contactos e contratos.

Tuesday, 22 January 2013

Quanta alegria...

Sair do trabalho ainda de dia!


Embora esteja já mesmo mesmo a fugir e a luz só dure mais uns dois minutos.

Monday, 21 January 2013

Conversas ao final do dia


Digo eu, muito pouco glamourosa depois do jantar, com frio e o cabelo já mais despenteado do que apresentável:
- Não sei como gostas de mim.
Ele responde-me a resposta típica de quem não sabe o que há-de dizer perante dúvidas existenciais como esta:
- Porque eu amo-te.
Respondo eu prontamente:
- Pois. Não percebo é porquê.

Invenções não inventadas

Se alguém se lembrar de produzir chocolate solúvel com menta vou a correr abastecer-me de caixas que deem para os próximos anos.
Sim, eu sei que é possível derreter M&Ms com menta ou After Eight no leite achocolatado, mas esses são melhores para devorar enquanto... bem, enquanto apetecer.

Sunday, 20 January 2013

Bodycology

Já aqui disse que, por nenhuma razão em especial, não sou fiel a nenhuma marca, nem sequer a nível de cabelo ou de cuidados com o corpo. É em parte por causa disso que vou experimentando vários cremes com cheiros e texturas diferentes e que não me importo de ir acumulando no armário prendas nesse âmbito.
No entanto, no verão recebi, diretamente do outro lado do Atlântico, um tubo de creme de corpo da Bodycology (uma marca de que nunca tinha ouvido falar) com cheiro a toasted vanilla sugar e todos os dias o ponho por todo o lado. Adoro ir sentindo o perfume, mesmo depois de um dia inteiro de trabalho e, se pudesse, comprava todos os produtos desta gama em triplicado para durarem bastante. O problema é que esta loja não existe por cá e não me parece muito viável pedir à minha american girl que traga uma mala de porão cheia de cremes, esfoliantes e sabonetes pequenos, médios e grandes só para mim.

Tuesday, 15 January 2013

Para quem via Gilmore Girls


Elas, as Daughters of the American Revolution, existem mesmo. E podem ser encontradas em Washington.

Desejo para 2013: ser a Jessica Alba

Foto daqui

Posto isto, vou só ali chorar não ter o corpo dela e não poder casar-me num vestido destes.
Talvez se me armar em coitadinha ela me empreste pelo menos o colar...

Friday, 11 January 2013

Tanto tempo depois e ainda custa


Estava na altura de deixar de ser uma piegas e de ficar de lágrimas nos olhos de cada vez que ele vai para fora. Nem são assim tantas, uma ou duas vezes por ano, no máximo durante uma semana, mas custa-me chegar a casa e não o ter lá, adormecer e acordar sozinha, não partilhar o jantar com ele, não vermos uma série ou ouvirmos as mixórdias passadas juntos. Quando falamos ao telefone deixo sempre escapar uma lagriminha (e isto é um eufemismo) e sinto tremendamente a falta dos beijos dele.
Também já era tempo de parar de ser uma medricas que começa a tremer só de pensar num avião. Era compreensível se fosse eu a embarcar, mas não: penso nele a embarcar sem mim e em como o avião pode cair sem eu estar com ele, sem que tenhamos tempo de nos despedirmos, de darmos um último beijo nem de fazermos uma derradeira jura de amor.
Mas não consigo, e por isso passei estas duas semanas que passaram com o estômago contraído e extremamente sensível, porque esta madrugada vou deixá-lo no aeroporto e só volto a vê-lo uma semana mais tarde. Durante a interminável viagem vou ficar com os nervos no máximo, vou fazer de tudo para tentar não pensar nisso, mas já sei que não vou conseguir. E vou ter de passar uma semana, de sábado a sábado, a tentar recordar-me da cara dele, do cheiro dele, da voz dele, das mãos dele a pegar nas minhas, dos beijos dele na minha testa.
E como ele já esgotou o número de ausências permitidas durante um ano, espero que tão cedo não pense em descolar-se de mim, porque não aguento tanta ansiedade.

Se não tivesse o compromisso do trabalho, era bem capaz de levar um carregamento de livros comigo e passar estes próximos dias enfiada no aeroporto, porque fico sempre com o pensamento toldado.

Thursday, 10 January 2013

Cat person?


Sou uma pessoa pouco dada a animais. Já tive em casa pássaros, peixes, tartarugas e uma galinha temporária, mas eram bichos que eu achava tremendamente inúteis porque só faziam barulho e ficavam ali, quietos, à espera de comida o dia todo.
Depois apaixonei-me pelos coelhos e quis muito ter um, durante anos. Entretanto convenci-me, por experiência própria, de que realmente cheiram muito mal e são uns animais muito estúpidos e frágeis e não demonstram afetividade nenhuma para com as pessoas (que me desculpe quem tem coelhos em casa...).
Os pais do meu namorado arranjaram um cão há dois ou três anos e é o único cão de quem não tenho medo (sou uma mariquinhas, especialmente depois de já ter sido atacada por três cães ao mesmo tempo, num beco escuro, que não me deixavam andar). No entanto, tenho pouca paciência para passar horas a fazer-lhe festas, a brincar com ele e a deixar que me lamba a roupa e as mãos, para depois ficar a cheirar a cão. Gosto muito dele, mas em doses pequenas.
Contudo, há um animal que me causava uma certa repulsa: o gato. Não sei muito bem porquê, mas acho que devido ao cheiro que alguns deles emanam. Só que desde que uma amiga minha levou para casa uma gatinha minúscula (agora já não é assim tão minúscula) e super fofa, que notei em mim uma alteração qualquer que me fez chegar ao cúmulo de desejar ter um gato (uma gata, mais concretamente) em casa.
Passei meses a manter este segredo fechado dentro de mim e a marinar a ideia, mas esta semana decidi que já podia extrapolá-lo e confessei-me: eu, que não gosto de animais, nem sequer de gatos, quero um gato castanhinho, muito clarinho, para me fazer companhia.
Mas depois de toda esta complicada jornada, não consigo convencer o meu namorado a alinhar comigo.

É verdade


Uma pessoa decide-se a fazer dieta, de modo a ficar com o corpo que quer ter no dia do casamento, mas depois chega a casa e tem uma máquina de fazer pão.

Tuesday, 8 January 2013

Preconceito

Quando entrei para o mestrado identifiquei-me rapidamente com uma colega minha, cerca de 6 anos mais velha do que eu, com quem comecei a dar-me bem logo no início. A certa altura estávamos numa sala a estudar e eu que, no meu direito, tinha o facebook ligado à minha frente, ouço-a subitamente a perguntar, em êxtase, ao mesmo tempo que espreitava para o ecrã:
- És da família do X?
Durante uns instantes não percebi como é que ela conhecia um familiar meu e foi então que me lembrei que, por causa da profissão que tem, ele aparece regularmente na televisão. É algo que não me ocorre todos os dias, nem todos os meses e, embora tenha muito orgulho nele, não uso esse facto para impressionar ninguém.
Ela continuou:
- Eu adoro-o, ele é espetacular, é o meu ídolo. Adorava conhecê-lo e bla bla bla.
Em dezembro, quando fiz anos, convidei-a e a mais três ou quatro pessoas para virem jantar a minha casa. Nada de especial, tudo muito familiar. Ela perguntou-me o que é que eu queria que ela levasse e sugeri-lhe o doce de não sei o quê (oreo, talvez), de que ela estava sempre a falar.
Abri-lhe a porta, mostrei-lhe a casa, apresentei-lhe o meu namorado e a conversa foi bastante animada até que uma grande amiga minha chegou e me deu um telemóvel. Não desfazendo, não era um blackberry nem nada parecido e custou, no máximo, 20€.
Uns segundos depois recebo uma mensagem que dizia algo como:
«Olá babe, já cheguei, mas já estou arrependida de ter vindo.»
Estava à espera de uma amiga minha, por isso levei algum tempo até perceber que tinha sido a minha colega que me tinha mandado, por engano, a mensagem que era para o namorado.
Durante a noite toda fingi que nada se tinha passado e quando já toda a gente tinha ido embora ela disse-me:
- Estou tão envergonhada com aquela mensagem... É que tu és da família do X, os teus amigos dão-te telemóveis, tens imensa roupa (ela pediu-me para ver o meu armário) e a única coisa que eu te trouxe foi um doce.
Fiquei parva, mas lá lhe disse que tinha gostado imenso da sobremesa dela e que não tinha mal nenhum, que percebia que se tivesse sentido mal, embora não tivesse razões para isso.
Durante os meses que se seguiram tentei (quando nem sequer fui eu quem errou) fazê-la sentir-se bem ao meu lado, mostrando que não me acho superior nem nada. Pouco tempo depois, cortou relações comigo.

Já não foi a primeira vez que senti esse tipo de preconceito em relação a mim, vindo de gente que, não sei muito bem porquê, se sente intimidada ao meu lado pelo facto de eu sempre ter vivido no centro do Porto  ou por algo assim do género que não é propriamente mérito meu.
E é um bocado por causa de gente como esta que, quando conheço alguém, sou bastante desconfiada e demoro algum tempo até abrir um bocadinho da minha intimidade.

Monday, 7 January 2013

Amigos virtuais


Tirando o meu melhor amigo, que conheci praticamente quando ainda usava fraldas, demorei cerca de vinte anos até encontrar amigos a sério, daqueles que ficam para a vida, que são padrinhos no nosso casamento e que serão, eventualmente, padrinhos dos nossos filhos. Agora somos um grupo de oito. Metade está cá, a outra metade está fora. Como é normal, não nos damos todos iguais e tenho mais afinidades com alguns do que com outros mas, ainda assim, somos uma família.
No entanto, como disse, nem sempre foi assim, como é bastante normal. Em adolescente oscilava entre muitos e poucos amigos com uma rapidez estonteante porque dávamos todos muito menos valor a tudo. Penso que ainda não sabia qual era suposto ser o valor da amizade, por isso tudo era mais superficial, mais na onda de colegas de escola e a coisa ficava por aí. Claro que, quando alguém mudava de escola ou quando o secundário acabou, a maioria das relações ficou quebrada.
Para além disso, a aparição do messenger trouxe às amizades uma nova dimensão: surgiram as conversas espontâneas entre gente que nem reconhecia a cara do outro quando se cruzavam e desenvolveram-se amizades que não passaram para a vida real porque não ficava bem. E eu era uma dessas pessoas que passavam horas na net a conversar com alguém que conhecia ligeiramente de se sentar ao fundo da sala ou a tentar abrir os olhos ao objeto da minha paixão e respondia com interesse quando alguém da turma do lado metia conversa.
Agora o messenger foi substituído pelo chat do facebook que usava para combinar trabalhos e que uso regularmente para conversas práticas com os meus amigos (aqueles mencionados lá em cima) ou com pessoas próximas de mim, daquelas com quem também falo frequentemente no dia-a-dia. O contacto virtual não ultrapassou o contacto real e, aperecebi-me ontem, que é por não ter paciência para isso, muito menos para voltar ao antigamente em que respondo com interesse àquela pessoa que não me diz absolutamente nada ou que me diz pouco.
Conversas a sério temos cara a cara com quem é importante para nós. Para os outros que me perguntam "olá, tudo bem? XD que tal a vidinha? lololol" as respostas são curtas. E se vejo que a intenção é continuar num debitar de informação sobre os pensamentos profundos, as relações amorosas e o quisto no tornozelo, arranjo uma desculpa e fecho a janela da conversa.
O chato é que há quem não entenda a dica e, mais tarde ou mais cedo, volte sempre à carga.

Sunday, 6 January 2013

É verdade

O meu primeiro pensamento profundo de hoje levou à conclusão de que Ronaldo, Rolando e Orlando são o mesmo nome, apenas com algumas letras trocadas.
Se tiver três filhos rapazes, já sei como vou chamar-lhes.

Thursday, 3 January 2013

Sono


Eu costumava ser uma pessoa com grandes dificuldades para adormecer. Deitava-me fosse a que horas fosse e fartava-me de dar voltas na cama, tapar, destapar, ir à casa de banho, inventar histórias para me embalarem e ainda assim demorava sempre imenso tempo até conseguir dormir. O caso piorava quando havia luz ou som: o mínimo de cada um acordava-me ou travava-me o adormecer iminente.
Entretanto conheci-o e deixei de ter problemas nesse campo. Aliás, durante três ou quatro anos não consegui ler na cama porque o sono colava-se a mim assim que me deitava ao lado dele, mesmo que ele ficasse a ler com a luz acesa durante uma hora.
Lembro-me de dormir mal uma vez neste tempo todo. Passámos os dois parte da noite a tentar adormecer e, no dia seguinte, toda a gente à minha volta se queixou do mesmo e culpou a lua...
Esta noite, quando precisava mesmo de dormir porque tive de acordar bem cedo, já ele ressonava e ainda eu adormecia e acordava consecutivamente. A almofada magoava-me, tinha calor, os brincos picavam-me, tinha frio e por aí fora. E quando dei conta o despertador já estava a tocar.
Por isso vou passar o resto do dia tipo zombie à espera da hora da caminha.

Wednesday, 2 January 2013

Recomeçar

Por aqui regressa-se, ou tenta regressar-se, à normalidade, que implica acordar cedo, deitar antes das seis da manhã... e das três, de preferência, fazer desporto todos os dias (até ao casamento não pode haver abébias, especialmente quando tenho outro casamento antes do meu), comer pouco e saudável e beber muito chá para desintoxicar do pecado que é o mês de dezembro e, por fim, voltar ao trabalho.
Confesso que as férias me souberam a muito pouco, embora tenham sido duas semanas, não só porque andei sempre de casa em casa e de convite em convite, mas também porque todos os dias choveu trabalho. Mas esta vida de deboche tinha de acabar mais cedo ou mais tarde, por isso vamos lá!

Tuesday, 1 January 2013

2012

Comecei 2012 desempregada; fui à Alemanha; passei duas semanas enfiada num hospital a tentar fazer o máximo pelo meu amor que esteve bastante doente; nesses dias dormi pouco e li os dois primeiros volumes da trilogia do Stieg Larsson de enfiada; festejei os anos de uma grande amiga aqui em casa com um bolo de banana improvisado; mobilei o meu quarto de novo, ao meu gosto; celebrei quatro anos de namoro; despedi-me dela, que foi atravessar o Atlântico temporariamente; fui a uma entrevista de emprego e fiquei; vi o meu irmão mais velho a casar-se e apanhei o ramo; fiz as pazes com a vida; passei uma semana a conhecer Londres; fui pedida em casamento no Hyde Park e disse sim; assisti a Portugal a ser derrotado no Euro; percebi que o meu patrão era louco e apeteceu-me mandá-lo dar uma curva; comecei a preparar o casamento; aprendi a tricotar e fiz algumas peças bem giras; voltei a fazer wakeboard; comecei a jogar ténis, algo que queria fazer há anos; convidei os meus melhores amigos para serem meus padrinhos de casamento; li que me fartei durante as férias; conheci Cáceres, Sevilha (por que me apaixonei), Córdova, Jávea e Toledo e voltei a Madrid, a Valência e a Benidorm, tudo isso a bordo de uma caravana, a ter de lavar a louça à mão; comecei a escrever um romance; mandei o dito patrão dar uma volta; fui abandonada durante uma semana, porque ele foi aproveitar a boa vida na nossa cidade; temi ficar sem casa quando o andar por cima do meu começou a arder sem parar; fui a uma entrevista de emprego e fiquei; acabei de escrever o meu romance e comecei a tentar publicá-lo; fui turista no Porto; inspirada por um livro italiano, decidi tentar fazer massa à mão e tive bastante sucesso; o meu instinto maternal está em alta; descobri e viciei-me nos livros do Ken Follet; fiz a idade que vou ter quando casar; voltei a abraçá-la, ao fim de tantas saudades; tive o nosso jantar de Natal em família cá em casa, com os nossos melhores amigos, como todos os anos; passei um Natal fantástico em família; despedi-me, a custo, de 2012 com um jogo de cartas que durou seis horas.
E fui feliz. Mesmo muito feliz.