Uma das primeiras coisas que faço em cada dia é abrir o blogue e ir espreitar aqueles que têm novidades. Adoro ler histórias de gente que não conheço, imaginar quem serão, como será a cara por trás do ecran, que vidas levarão para além do que aqui escrevem. E também gosto de partilhar o que penso, o que digo e o que faço com quem me lê; com uma mancha indefinida de gente que não sabe nada de mim mas, ainda assim, vai sabendo alguma coisa. Talvez mais do que muita gente com quem me cruzo diariamente.
Mas a verdade é que se esta dimensão me apresentou gente interessante, foi também aqui que tive contacto com as piores pessoas que fazem parte da minha vida, embora não fisicamente. Por aqui descobrem-se pessoas mesquinhas que criticam gratuitamente existências das quais não têm conhecimento nenhum. É demasiado fácil olhar para alguém com cujo modo de viver não concordamos e debitar uma data de pareceres negativos a seu respeito, às vezes com um humor sarcástico que se dispensava perfeitamente, mas raramente pensamos que podemos estar a ser injustos.
Constantemente leio as palavras de alguém que conhece pessoa X que gasta o pouco ordenado que ganha em roupa cara, ou em comida de plástico e esse alguém alonga-se por várias linhas numa nuvem de crítica porque estamos em crise e, vejam lá que burra, não sabe o dia de amanhã!
Mas a questão é mesmo essa: não sabemos o dia de amanhã. Tanto podemos perder o emprego e deixar de ter oportunidade de comprar roupa, como arranjar um ainda melhor e dobrar a quantidade de roupa que podemos comprar. E que direito têm os outros de condenar o nosso comportamento, se não os arrastamos connosco? Para mim não faz sentido uma pessoa endividar-se para ter um casamento de contos de fadas, mas desde que não tenha tido que ser eu a chegar-me à frente com nada, é-me totalmente indiferente.
Mas parece haver cada vez menos gente a lembrar-se que vive em telhados de vidro e a tapar os seus erros com os dos outros, especialmente aqui, pela blogolândia, onde tudo é válido.