Impressiona-me a incapacidade que as pessoas à minha volta têm de confiar nos outros e nas situações. É verdade que a crise de valores atual permite que uns pisem os outros sem consideração para subir ou para arranjar a melhor posição, mas não somos todos assim. Não podemos ser todos assim, porque alguns de nós são humanos.
Se nunca corrermos o risco para alcançar algo melhor, vamos sempre ficar presos a uma realidade que não é a que idealizámos para nós. Sim, às vezes o risco pode ser demasiado grande e pode não compensar mas, para mim, até agora o saldo foi sempre positivo.
Aprender a confiar em alguém não é coisa para demorar uns instantes: vai-se lá com tempo, com convivência, conhecendo melhor a outra pessoa e, obviamente, gostando dela. Mas chega-se lá. É possível.
É preciso é não estar constantemente a pensar que se nos fazem um favor, vão cobrá-lo assim que puderem, que as relações todas acabam, que a capacidade de estender o braço ao outro tem um limite muito baixo. Não sei como alguém consegue viver assim.